domingo, maio 02, 2021

Alto Minho, artigo de 28-04-2021

Memória


Recebi com satisfação a notícia de que o nome de Fernando Calheiros, antigo presidente da Câmara, irá integrar a toponímia de Ponte de Lima. Não li a proposta, mas tal decisão é, certamente, o reconhecimento do seu trabalho em prol do concelho limiano. 

Aparentemente, desta vez, os responsáveis políticos não caíram no ridículo de acusarem de extemporâneo por ser ano de eleições, nem caíram nas vãs acusações de populismo, como  fizeram em 2017, quando, volvido um ano do falecimento de João Abreu Lima, propus que o seu nome fosse integrado na toponímia limiana. 

Não sei se sentem o mesmo, mas cada vez mais me parece que há um tempo que desaparece rapidamente perante os nossos olhos. Um tempo de Homens políticos, muitos até vindos do outro regime, com um sentido de dever e serviço, que já não é fácil de encontrar.


Bicicletas


Sejam elas eléctricas ou tradicionais, o uso da bicicleta é algo cada vez mais presente na vida das cidades e vilas por esse mundo fora. Mesmo em cidades onde a tradição era outra, a bicicleta passou a ser a escolha sensata para deslocações urbanas. E por cá? Por cá gastam-se uns milhões em ciclovias periféricas, mas talvez falte o essencial, a promoção da utilização da bicicleta. 

Como o fazer? Desde logo nas escolas. Porque não copiar o que se faz em algumas escolas do Algarve que incentivam a utilização de bicicletas entre os estudantes? Sensibilizar os agrupamentos escolares, apoiando-os na logística de aparcamento, por exemplo, e, claro, apoiando a escolha da mobilidade sustentável, mesmo para quem não tem recursos. Vi, algures, um programa de uma escola algarvia onde se promovia a reutilização e recondicionamento de bicicletas. Um programa que promovia o transporte sustentável, a solidariedade e a reciclagem. Será que poderemos ver algo assim por cá? 


Centros históricos


Por vezes, caímos no erro de pensar que os nosso centros históricos sempre foram assim, como actualmente os conhecemos. Não é preciso recuar séculos, basta olhar para fotografias antigas dos álbuns das nossas famílias para verificar que essa premissa não é correcta. Olhem para o largo de Camões em Ponte de Lima, é um bom exemplo de evolução, a mutação do último século não obscureceu o passado, antes se adaptou aos tempos. 

Os centros históricos são, ou deveriam ser, elementos vivos. Preservando o passado, não podem ser, no entanto, redomas ou cápsulas do tempo. Estas acabam por afastar as pessoas, a vida começa a esvair-se e, sem nos darmos conta, o espaço fica deserto e degradado. Sei que é difícil, para alguns até poderá parecer sacrilégio, mas não se pode olhar para a renovação urbana dos centros históricos com preconceito, histerismo ou fundamentalismos. É necessário encontrar o equilíbrio entre a preservação e a funcionalidade, entre o antigo e o contemporâneo. Muitas das vezes não é fácil, no entanto é fundamental para a sobrevivência dos nossos centros históricos.   



Largo de Camões

Largo da Feira