Decisões
Depois de 45 anos das primeiras eleições autárquicas em Portugal, algumas pessoas ainda não perceberam a importância do envolvimento, da participação, da escolha que é feita nessas eleições. Também os agentes políticos deixaram de olhar para este processo de forma critica, pouco ou nada mudando no processo, pouco ou nada propondo para mudar o sistema. Poderiam, por exemplo, começar por impor que as listas às freguesias fossem, obrigatoriamente, independentes. Para quê criar mais divisões?
Mas quem já esteve por dentro dos processos de candidatura autárquica sabe que entramos num tempo das decisões. Os candidatos correm as freguesias, os panfletos chegam a casa, os cartazes aparecem na rua. Dentro de um mês, mês e meio, as candidaturas têm de ser entregues no tribunal, a azáfama é muita. O tempo de formação de listas começa a escassear e, inevitavelmente, a fazer mossas. Uns esperavam um determinado lugar que não encontram, outros, depois de meses a adiar, deixam cair a farsa em que viveram nos últimos meses, obrigados que são a publicamente assumir um lado.
Em tempos abordei um órgão de comunicação social para documentar este processo. O objectivo era desmistificar e dar a conhecer os mecanismos que estão por detrás das campanhas eleitorais autárquicas. Listas feitas há meses desaparecem em segundos, membros dessa lista passam a fazer parte de listas concorrentes. As pressões e tentativas de pressão aparecem por todo o lado, por vezes com resultados inesperados para quem a exerce. O processo eleitoral autárquico é uma aventura, com momentos épicos de entrega e entre-ajuda mas também de traições, mentiras e omissões. Como seria pedagógico que o grande público tivesse conhecimento do seu interior.
É preciso explicar como
Muitas candidaturas, um pouco por todo o distrito, têm como uma das suas principais bandeiras a reversão da adesão dos concelhos à AdAM. Há algo que não é, no entanto, explicado: atendendo ao acordo feito e aos valores envolvidos, se existir uma reversão, qual é a estratégia que pretendem seguir? Não basta dizerem que vão reverter a decisão, é necessário explicar o que esta significa para os concelhos. Que valores estão envolvidos? Será necessária uma batalha legal? É preciso apresentar a sua estratégia para a reversão. E se esse objectivo não for possível atingir, o que vão fazer?
Protecção à ponte
Já há muito que se debate acerca de uma área de protecção à ponte “velha” de Ponte de Lima. Em tempos, foi apresentada uma proposta de criação de um perímetro de proteção que proibisse o estacionamento e a aproximação de veículos à ponte que foi chumbada pela maioria.
Mas estes são outros tempos e outros protagonistas. Qual dos candidatos está disposto a assumir no seu programa o compromisso de criar essa área? Esta é uma decisão simples, mas importante no caminho da valorização do nosso maior património edificado.