domingo, outubro 17, 2021

Alto Minho, artigo de 13-10-2021

 


“Generais sem exército”

A propósito da frase “generais sem exército” proferida na última reunião do mandato de 2017 – 2021 da Assembleia Municipal de Ponte de Lima e que li no número anterior do “Alto Minho”, fiquei tentado a escrever uma crónica acerca da importância eleitoral dos partidos e movimentos nas freguesias. Está mais que provado que só a partir daí é possível criar uma alternativa. Confesso que ainda escrevi algumas linhas. Assentaria o texto no exemplo saído das eleições deste ano, em como a ausência de candidaturas nas freguesias levou o movimento VIRAMILHO a ficar aquém do expetável, como a incapacidade de recrutamento nas freguesias, algumas delas seus antigos bastiões, levou ao quase desaparecimento do M51 e como o abandono/hibernação do PSD, durante o último mandato, levou à perda de 31% dos eleitos do PSD nas Assembleias de Freguesia em comparação com o “annus horribilis” de 2017. 

Não acabei o texto. Porquê? Porque não vale a pena perder tempo. São os movimentos e partidos que devem fazer uma profunda reflexão sobre os indicadores saídos das eleições, para que não sejam organizações de “generais sem exército”. 


Vamos olhar para o futuro


Que expansão urbana queremos no nosso concelho? Muitos, sem querer, porém sem alternativa, deixam as suas freguesias, a dos seus pais e avós para se fixarem na periferia da vila de Ponte de Lima. Na fronteira entre a Feitosa e a vila foi criada uma espécie de muralha de blocos de apartamentos para acolher essas pessoas. A aposta é claramente nas moradias multifamiliares em detrimento das unifamiliares que, normalmente, quando existentes, ficam “afogadas” pelos blocos de apartamentos que as rodeiam. Terão espaços verdes, distancia entre os empreendimentos, vias preparadas para a pressão automobilística e adaptadas para o transporte alternativo? 

Do outro lado do rio, na vila de Arcozelo, ainda dentro da cintura urbana da vila de Ponte de Lima, a aposta tem sido em armazéns, oficinas, lojas e um ou outro bloco de apartamentos. Mas, o olhar do especulador imobiliário já se fixou lá. A pressão urbana nos últimos dois anos já se sente e não aparenta vir com um olhar diferente do já descrito anteriormente. 

Olhemos para o futuro com outros olhos, caro presidente eleito, Vasco Ferraz. A geração do presidente eleito é a minha e eu não quero que a minha geração carregue o ónus de ter continuado os erros urbanísticos cometidos pela geração dos nossos pais, nem que nos acusem de termos para sempre desvirtuado a nossa “vila”. É imperioso que esses erros não sejam replicados. Como queremos ficar na história? Se existir coragem de olhar com outros olhos, de trilhar outro caminho, pode ser que os nossos filhos e netos consigam ainda deslumbrar-se um pouco com a Ponte de Lima que os nossos avós e bisavós nos deixaram.


Nota de rodapé


O leitor certamente que me perdoa, mas tenho que deixar uma nota de rodapé sobre as autárquicas. Depois de ter escrito que a campanha, devido aos cartazes, mais parecia saída dos anos 90, não posso deixar de referir que, na generalidade, os movimentos e partidos ou as empresas com o encargo da sua afixacção, em duas semanas, retiraram a quase totalidade dos cartazes. Fica a nota positiva.

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