A mudança está aí
As ondas de mudança política vivida por outros países europeus chegaram a Portugal. Tal como em Itália, França e outros países, assistimos ao desaparecimento de partidos antes tidos como pilares fundamentais da democracia ou à perda da sua relevância perdidos em guerras internas intermináveis.
A discrepância entre os militantes e os líderes, estes mais interessados em controlar eventuais lugares que discutir caminhos para o país, região ou comunidade tem sido de uma relevância tal que a militância é cada vez menor. As sedes, antes locais vivos de discussão de visões políticas e projectos, são agora lugares desertos, onde as reuniões, quando se realizam, já não seduzem ninguém. Quem está disposto a dar o seu tempo durante horas para ouvir um sem nome de lugares comuns, auto-elogios ou insultos?
Não se pense que este é um problema apenas do centro e do centro direita, embora menos mediatizado, a esquerda tradicional também não escapa à crise que é, no fundo, uma crise do sistema democrático.
Também por cá
Também no nosso microcosmos se assiste a alterações políticas. Em Ponte de Lima, apesar da entrada em cena dos “independentes” ter acontecido em 2013, a verdade é que em 2021 estes ainda não conseguiram fazer melhor do que os ditos partidos tradicionais, a mossa no situacionismo foi nula. O M51, depois de ter tido um vereador, ser o terceiro grupo na Assembleia Municipal e ter uma forte presença nas Assembleias de Freguesia, ficou basicamente reduzido a um membro na Assembleia Municipal e, praticamente, sem expressão nas Assembleias de Freguesia. Já o PLMT, com o objectivo claro de eleger o presidente da Câmara, ficou muito aquém desse objectivo. No percurso, perdeu o seu mentor e líder carismático que, assumindo pessoalmente os maus resultados, preferiu renunciar ao cargo de vereador e afastar-se da vida política activa. Sobreviverá o PLMT a essa saída e à retirada do PS? E os partidos, o que é feito deles?
O PS precisa rapidamente de novos protagonistas que rompam com o projecto de se anularem estrategicamente em prol de um movimento independente. Quando teve capacidade de se afirmar, obteve bons resultados, agora precisa de mudar os protagonistas que o levaram à situação em que se encontra. Parecem não faltar novos protagonistas com vontade de quase “refundar” o PS em Ponte de Lima.
O silêncio e abandono das freguesias por parte dos lideres do PSD durante o anterior mandato teve grandes e graves consequências e perdas. Bordejando a eleição de um vereador, o PSD deveria mudar de rumo, procurar novos protagonistas com capacidade para agregar, de atrair novas pessoas com vontade e capacidade de intervenção que apostassem num projecto de mudança com inicio nas freguesias.
O PCP, embora activo e persistente, vive numa redoma cada vez mais apertada, não conseguindo atrair novo eleitorado, com a agravante de “velhos camaradas” se afastarem.
Finalmente, o CDS. A sua existência em Ponte de Lima é virtual, não existe militância centrista, existe é “militância” ao poder autárquico, uma “militância” que no “país”, se encosta a outros quadrantes políticos. Com o actual panorama de sangria de personalidades que durante os últimos 20 anos foram a imagem do CDS não se sabe se o partido conseguirá sobreviver ou, como supra escrito, se irá juntar ao clube de tantos outros partidos que na Europa desapareceram. Se isso acontecer, como ficarão os “militantes” centristas em Ponte de Lima?
Seja como for, também por terras limianas se vivem tempos de mudança.