Realidades
O PSD, de forma exemplar, criou uma página que permitiu acompanhar os resultados da votação para o seu líder em tempo real. Possibilitava consultar desde os resultados nacionais até às concelhias. Fui consultar os resultados no nosso distrito. O que me despertou a atenção não foram os resultados “per se”, que nem foram uma novidade, o que me chamou a atenção foi outra coisa. O número de possíveis votantes em cada concelho. Daí resultam duas conclusões. A primeira, o reduzido número de militantes com capacidade eletiva em cada concelho, talvez pelo divórcio cada vez mais evidente entre o que as pessoas esperam de um partido e o que as estruturas lhes oferecem. A segunda é a capacidade da concelhia de Arcos de Valdevez valer cerca de 40% da totalidade dos votos apurados, mais 20% que o peso eleitoral da concelhia de Viana do Castelo.
Desafios
Os partidos têm de procurar um caminho de maior proximidade com as comunidades, com os eleitores. Mais que números vazios, os partidos deveriam trabalhar para serem constituídos por verdadeiros militantes que representem a sociedade. Anibal Cavaco Silva, no seu livro “Uma experiência de social-democracia moderna”, descreveu o PSD como sendo um partido “com base de apoio que incluía operários, trabalhadores rurais e empresários, agricultores, comerciantes e funcionários públicos, artistas, cientistas e profissionais liberais, jovens e idosos”, no fundo, um partido da sociedade, com várias experiências profissionais e sociais, e não de agentes e sindicatos de votos internos. Fazem falta partidos assim.
O que dizem os seus olhos?
Abel Baptista, no último número do Alto Minho, abriu um pouco das suas memórias políticas. Por lá podemos ler como esteve sempre presente na vida política limiana dos últimos 30 anos. Vereador, vice-presidente da Câmara, detentor de cargo político, deputado, presidente da Assembleia Municipal, vereador da oposição…
Embora tenha sido um dos obreiros do mito Daniel Campelo e do apaziguamento entre este e o CDS-PP de Paulo Portas, não foi acarinhado por ele quando precisou do seu apoio. Se, para Abel, Vitor Mendes é, até à actualidade, o pior presidente da Câmara de Ponte de Lima, João Abreu Lima será o melhor. Declara-se um admirador do primeiro presidente eleito em democracia, afirmando ser o seu modelo.
Remata a entrevista sublinhando o fim do ciclo da sua participação política enquanto eleito, tentando, no entanto, deixar uma mensagem de conforto aos eleitos do PLMT. Abel sabe que sem ele e sem o PS, a actual maior força da oposição limiana deixa de ter a “cola” com que foi feita. “Se o PSD se organizar de forma diferente, pode ser que faça melhor”, disse, ainda, Abel.