domingo, janeiro 02, 2022

Alto Minho, artigo de 29-12-2021

Cair da capa

O presidente da Câmara de Ponte de Lima afirmou que a Assembleia Municipal não era local para discutir o Plano e Orçamento da Câmara Municipal. Mesmo atendendo a que a maioria absoluta dos membros eleitos da Assembleia é oriunda das listas do CDS-PP, tal afirmação é, no plano democrático, incompreensível. É verdade que, como ele afirmou, no final, o mais certo é os membros eleitos pela oposição votarem contra e os da situação, a favor, no entanto, a falta de debate na defesa dos diferentes pontos de vista é, democraticamente, inaceitável. Não se trata de perda de tempo, o processo de debate, independentemente dos mandatos dados pelo voto soberano dos cidadãos, serve para democraticamente aprimorar o documento. 

Vejamos, no entanto, mais fundo. O que aconteceu foi o desmascarar da farsa que durava há anos. O processo de “construção” do Plano e Orçamento deveria começar muito antes da reunião na Assembleia Municipal, onde este documento estruturante é aprovado. Deveria começar pela apresentação, por parte da Câmara Municipal, das linhas orientadoras aos grupos da oposição de modo a que estes pudessem dar o seu contributo para a elaboração do documento final. Alguém se lembra de quando é que isso aconteceu? Por norma, a maioria na Câmara Municipal passava à frente do envio das linhas orientadoras e pedia propostas à oposição, que, quando enviadas, eram consideradas, por eles, como obsoletas, descontextualizadas ou já fazendo parte do documento. No fundo, durante anos, a maioria CDS fez de conta que ouvia a oposição, tentando mascarar a prepotência com que olhava para esta. 

Sendo que é, como já escrito, democraticamente inaceitável a menorização do debate na Assembleia Municipal, por outro lado o novo presidente da Câmara de Ponte de Lima deita por terra o ambiente hipócrita existente. Esta atitude coloca maior peso na oposição que não poderá continuar, como nos recentes anos, numa atuação com pouca preparação e estudo. Não bastam picardias na Assembleia, são necessárias propostas, são necessárias posições assentes em convicções, convicções que se traduzam num caminho alternativo pelo qual valha a pena lutar. 


Final do ano


Última semana do ano. Tempo de balanços, mas também de propósitos para o próximo ano. 

Não consigo deixar de pensar em todos os que este ano nos deixaram. E foram tantos os que partiram e que “viviam” na minha vida. Ainda recentemente mais um desses que sempre povoaram a nossa existência partiu de forma abrupta. Dá que pensar sobre a nossa própria existência e como muitos deles foram e são exemplo de passagem serena, humilde, mas marcante na vida comunitária do nosso tempo. 

É neste momento que entramos nos propósitos para o próximo ano, no fundo, nos objectivos que traçamos para nós. Sabemos que muitos não serão alcançados, serão como a leitura de livros que por vezes se mantêm mais um tempo na estante ou na mesinha, esperando por um tempo que teima em não chegar.


Novo ano


Não poderia deixar de aproveitar para desejar a todos os leitores desta coluna um 2022  com saúde, cheio de bons e novos desafios.