domingo, fevereiro 06, 2022

Alto Minho, artigo de 02-02-2022

Onda rosa

Não há como disfarçar, já ninguém falará da sucessão de António Costa, apesar da bipolarização, a onda rosa correu e varreu o país. O nosso distrito não foi excepção e o Partido Socialista venceu em todos os concelhos do Alto Minho. Todos, não. Em Ponte de Lima, apesar da fantástica subida do PS, o PSD manteve o primeiro lugar.

Nem com dois candidatos oriundos de Arcos de Valdevez o PSD conseguiu manter invicto o concelho arcuense. Os concelhos vizinhos de Ponte da Barca e Monção, com câmaras laranjas, também não conseguiram suster o avanço rosa, nem em Valença, onde o cabeça de lista do PSD foi presidente da Câmara, o PSD ganhou.

Em Viana do Castelo, o PSD até aumentou a votação face a 2019, mas os resultados nesse e nos outros concelhos não são novidade e até seriam os expectáveis pelo histórico de votação, o PS saiu vencedor em todos eles.

Ponte de Lima é, assim, um género de “aldeia dos Gauleses” laranjas. Fruto de uma candidata oriunda do concelho, Felismina Barros, que trouxe uma dinâmica diferente à campanha, conseguiu envolver e “chamar” à campanha os militantes, sem distinções ou revanchismo. Com esta atitude, o PSD, para além de segurar a ofensiva socialista, conseguiu voltar a resultados perto dos anteriores a 2019.


Resultados 


No final da noite, a verdade é que tudo, no nosso distrito, ficou como antes. Tal como previsto, foram eleitos 3 deputados pelo PS e 3 pelo PSD. No entanto, face à evolução da votação e ao histórico das últimas eleições alguns agentes deverão meditar e analisar  onde estão e para onde querem ir. O PSD deve ponderar bem se manter lideranças  e decisões alicerçadas em falsas maiorias internas, completamente desfasadas das realidades “civis”, fará sentido. 

Também o BE, que não renova os rostos há muito, deverá pensar seriamente no caminho que tem trilhado no distrito. Não é possível continuar com os mesmos rostos e sem representação em muitos concelhos chave. 

Na direcção distrital do CDS, a incapacidade de encontrar rostos fortes, que consigam ir além da bolha limiana, parece ser a principal razão para o seu mau resultado. Desde Abel Baptista, que conquistou eleitores fora de Ponte de Lima, o CDS parece não ter real projecção distrital que, agora associada à nacional, deverá fazer soar os alarmes centristas. Estaremos perto de um “rebranding” político na Câmara de Ponte de Lima?   


Nota de rodapé


Vivemos dias de profunda mudança, nem tanto pela vitória do PS, que é fruto do desaparecimento das extremas esquerdas que vivem desfasadas da realidade, do dia a dia das pessoas, mas, principalmente, pelo reforço de novas forças políticas da direita e extrema direita. Esta nova realidade, olhando para outros países que anteriormente passaram por ela, não será passageira, mas consolidada. Se será para melhor ou para pior, isso só mais tarde se saberá. Uma coisa é certa, perto dos 50 anos do 25 de Abril, o dito “sistema” vindo dos anos 70 parece dar de si, novas peças reformulam o xadrez do tabuleiro político. 

Aparentemente, as lutas e o cavar de trincheiras políticas será o futuro próximo.