segunda-feira, abril 18, 2022

Alto Minho, artigo de 13-04-2022

Regresso da tradição

Durante alguns anos integrei o Compasso Pascal (derivação de “Crux cum passo Domino”) na minha paróquia. Sem a grandiosidade que outras paróquias colocam no seu compasso, a verdade é que a alegria de anunciar Jesus Ressuscitado nunca foi menor. O ir de casa em casa a anunciar a ressurreição, orando em conjunto pelos que nelas habitam, é uma manifestação de fé que a tradição do povo alto-minhoto perpetuou durante séculos.

O momento da entrada do compasso, o estourar dos foguetes, o toque das campainhas, o correr e a emoção das crianças, a “desculpa” para se visitar a casa dos familiares e amigos, que durante o ano fica sempre relegada para outra altura, tudo isto também faz parte do colorido e da grandeza da festa da Páscoa alto-minhota.

A pandemia de 2020 veio impedir estas tradições, durante 2 anos, a Páscoa como a conhecemos por cá, foi adiada. Com a vacinação e a melhoria da situação epistemológica da COVID-19 este ano, em algumas paróquias, é retomado, ainda que em moldes diferentes dos que estávamos habituados, o Compasso Pascal dando primazia à oração e eliminando o “beijar” da cruz. 

Será, essa adaptação, o fim da “tradição”? Alguns, no pós Vaticano II, advogaram a suspensão do Compasso Pascal por, na sua óptica, já não encontrarem fundamento para a sua existência uma vez que este residia no sentido comunitário da bênção das casas pelo sacerdote. Pelo menos no último século, por várias vicissitudes, a “tradição” foi adaptando-se e permanecendo, mais enraizada no Minho e Alto Minho, na forma que conhecemos do beijar da Cruz que, ritualmente, se sobrepôs ao benzer das casas.

A verdade é que, depois de um interregno de dois anos, talvez com uma nova adaptação da “tradição”, voltamos a ter o “Compasso”, a comunidade fará o resto.



Férias da Páscoa


Bicicletas limpas e oleadas, mochilas carregadas de mantimentos, câmara de filmar/fotografar, walkie-talkies e lanternas, eis os ingredientes que usávamos para “enfrentar” as mais de duas semanas de férias de Páscoa da minha adolescência. Para os adolescentes de hoje, já só com uma pequena parte das férias de então, tudo isso parece vindo de uma série de época e quase nenhum dos objectos é por eles usado durante estas miniférias. O que não mudará será a vontade de aproveitar todos os minutos das férias. As “tradições” mantêm-se porque se adaptam aos tempos. 


Por falar em férias


Deixo o desafio/repto ao presidente da Câmara de Ponte de Lima, Vasco Ferraz, ou mesmo à Junta de Freguesia de Arcozelo, para recolocar tabelas de basquetebol nos espaços desportivos na Freiria e no lugar da Presa na vila de Arcozelo. Um dos espaços integra-se na zona histórica de Ponte de Lima o outro junto ao novo parque industrial do granito, num dos bairros mais habitados de Arcozelo. Com um baixo investimento, poderiam devolver aqueles espaços à utilização da comunidade promovendo uma atividade desportiva que até já é olímpica, o basquetebol de rua.


Nota


Não sou nem nunca fui jornalista, escrevo opinião. Na crónica dou uma percepção pessoal do mundo que me rodeia. Quando partilho a opinião sobre determinado assunto, tal e qual como qualquer comum cidadão, não procuro informação “privilegiada”, uso a informação que é pública e que não foi desmentida. Procuro e tento fazê-lo sem juízos de valor, dando apenas a minha opinião e esta, como a de qualquer cidadão, vale o que vale. Desta forma, não posso deixar de agradecer todas as mensagens que recebi, especialmente, ao longo desta semana. Obrigado por acharem o que escrevo digno de  alguns minutos da vossa vida.