domingo, abril 03, 2022

Alto Minho, artigo de 30-03-2022

 Outros tempos 

Cada vez menos fazemos álbuns fotográficos. Guardamos milhares de fotografias digitais, mas, ao contrário do que fazíamos antigamente, ficam algures, nos zeros e uns de um disco qualquer ao qual, na verdade, raramente ou nunca voltamos. Com isso perdemos momentos como os que vivemos enquanto folheamos os velhos álbuns dos nossos avós. 

Recentemente, ao ver um álbum antigo, encontrei uma velha fotografia de uma tia avó que, com um grupo de mulheres, nos anos 60 do século passado, aproveitava a rampa junto à capela do Anjo da Guarda para, com a sua caixa em madeira e as bacias, lavar a roupa da sua casa. Outros tempos, à falta de máquinas de lavar aproveitavam-se as límpidas águas do Lima para lavar a roupa. Algumas mulheres faziam, inclusive, desse trabalho um modo de vida. A roupa secava, maioritariamente, junto ao rio, no areal ou nos campos próximos.

Lembro-me de como essa minha tia avó recordava com saudade e orgulho esse tempo, da saudável convivência, de como se cantava à porfia com as “colegas” que lavavam na outra margem e como muitas, por amor, mudavam de margem.





Novela de Calvelo


Já lá vão 6 meses desde as eleições autárquicas e ainda não foi formado o executivo da Junta de Freguesia de Calvelo, em Ponte de Lima. Os membros da oposição, do CDS e do Ponte de Lima Minha Terra, para além da irritação com a comunicação social por esta noticiar o que por lá se passa, não conseguem formar pontes de entendimento de modo a criar condições para a formação do executivo. 

Já por aqui escrevi que a nova líder do movimento Ponte de Lima Minha Terra, a também vereadora na Câmara Municipal de Ponte de Lima, Zita Fernandes, deveria usar a sua influência para chamar à razão os eleitos pelo seu movimento. A boa notícia é que a líder do PLMT participou numa reunião da Assembleia de Freguesia de Calvelo onde, mais uma vez, se procurava encontrar uma solução para o impasse. A má notícia é que, pelo que se pôde ler, fez uma intervenção no sentido de que ou a presidente eleita aceita as condições da oposição, onde perde o controlo do seu executivo, ou se demite. Nem uma palavra para os seus membros encontrarem um entendimento, nem uma palavra de que uma coligação negativa e intransigente entre os que perderam as eleições só leva a perdas para a freguesia. 

A presidente eleita, atendendo ao impasse e percebendo a falta de senso, pondo para trás a sua legitimidade de liderar um executivo, aceitou que este fosse composto por ela e dois membros da oposição. Propôs um membro de cada grupo na Assembleia de Freguesia, que era o que a coligação negativa exigia, ainda assim a proposta foi chumbada pelos membros da oposição. 

Este bloqueio e esta falta de acção e posição dos lideres locais do PLMT e do CDS tem como consequência direta a perda de serviços prestados aos fregueses de Calvelo. Em política, como em tudo na vida, não deveria valer tudo.


Nota de rodapé


O PS alto-minhoto perdeu o seu ministro, mantém a Secretária de Estado da Habitação e promove o ex-autarca de Viana do Castelo, José Maria Costa, a Secretário de Estado do Mar. No geral, o PS da região perde influência no governo.