domingo, maio 22, 2022

Alto Minho, artigo de 18-05-2022


30 anos
 

Foi no já longínquo final dos anos 80 que os lideres autárquicos de Ponte de Lima viram a oportunidade que o Despacho de 1986, da Secretária de Estado da Cultura de Cavaco Silva, Teresa Patrício Gouveia, trazia para Ponte de Lima. 


Francisco Abreu Lima iniciou e Fernando Calheiros terminou o projecto de integrar a Biblioteca Municipal de Ponte de Lima na Rede Nacional de Bibliotecas Públicas. Ambos perceberam a importância de existir no concelho uma biblioteca aberta e ligada à população, com técnicos especializados para levar acabo as políticas de leitura e de divulgação informacional.


Não foi fácil levar a bom porto um projecto como esse. Os finais de 80 princípios de 90  viam Ponte de Lima como uma terra isolada, longe dos centros onde eram formados os técnicos superiores e os técnicos profissionais. Tudo se iniciou, basicamente, do zero. 


Em boa hora, o município conseguiu “seduzir” aquela que seria a timoneira do projecto da Biblioteca Municipal. Isabel Costa conseguiu, conjuntamente com a equipa que foi construindo, tornar a Biblioteca de Ponte de Lima uma referência não só local, mas nacional. Foi uma das pioneiras da promoção da formação, enfrentou e colocou as primeiras pedras de projectos arrojados para a época. A Feira do Livro é um bom exemplo disso mesmo. Realizada com a presença de livrarias do concelho (hoje, na vila mais antiga que Portugal, apenas existe a livraria União), editores e distribuidores nacionais e locais, tinha ainda espaço para alfarrabistas e, imagine-se, chegou mesmo a ter um quiosque para a novidade que era a Internet. Para além do espaço de excelência onde se realizava, a popularmente conhecida Avenida dos Plátanos, a Feira do Livro captava centenas de jovens que voluntariamente participavam na “realização” da mesma.  


A obra de requalificação do edifício onde a Biblioteca Municipal se instalou terminou em Setembro de 1992. Iniciou-se a instalação de equipamentos, aquisição de fundos documentais e preparação técnica do fundo e do espaço. No ano seguinte, também em Setembro, foi inaugurada por Aníbal Cavaco Silva, então Primeiro ministro. Passam, assim, 30 anos. É verdade que a Biblioteca Municipal já não é a referencia que foi, uma biblioteca não é apenas um espaço de lançamento de livros, nem um género de biblioteca central das bibliotecas escolares do concelho. 


Aproveitem, comemorem a audácia que há 30 anos tiveram os vosso antecessores, criando condições para voltar a colocar a Biblioteca Municipal no lugar onde ela merece estar. Isso não será apenas com eventos entre Setembro deste ano e o de 2023, tão necessários, mas com a alocação de meios que permitam expandir a dedicação dos seus técnicos.