Diversidade e vida
Aposto que o meu caro leitor sente tanto gosto como eu em passear pelos centros históricos das nossas terras. Todos os dias percorro o centro histórico da nossa capital de distrito. O rico centro histórico de Viana do Castelo é constituído por várias edificações históricas, igrejas de várias épocas e casas que marcam, como ondas, a comunidade vianense. Casas de res-do chão paredes meias com casas com pés direitos enormes, casas com azulejos, casas com reboco, casas com estucaria antiga, casas humildes juntas a casas com pedra de armas.
Tal como as casas são várias e diferentes, também os seus habitantes são de várias origens. É interessante verificar o fenómeno que se vive no centro histórico vianense. Durante anos foram afastando os habitantes do centro histórico. As novas construções na periferia, os prédios e urbanizações de blocos passaram a ser mais atrativos que a recuperação das velhas casas das históricas freguesias da cidade. A falta de opções na construção, as limitações para a recuperação e ocupação do espaço afastaram as pessoas, muitas das tradicionais famílias deixaram de viver na Ribeira, na rua da Bandeira, na Espregueira, na Gramática.
Com esse afastamento, a cidade deixou de ter vida a partir das 19 horas. Assim foi durante anos, desertificação, degradação, a vida foi-se esvaíndo da cidade. Mas eis que, nos últimos anos, a diversidade cultural deixou de ser algo de outras andanças. A cidade começou a dar sinais de vida, ténues, mas indisfarçáveis. Desde sul americanos, predominantemente brasileiros, a indianos e paquistaneses, passando por africanos e asiáticos, mesmo europeus de outras paragens mais a norte, todos os dias é vê-los a sair das casas do centro histórico, muitos em bicicletas ou trotinetes elétricas, uns a caminho dos seus trabalhos, outros a abrir os seus negócios, outros ainda a levar os seus filhos à escola. Os centros históricos devem ser isto, alforges de vida e de vidas, de urbanidade e diversidade. A nossa capital de distrito só tem a ganhar com o que por lá se vê.
Carrega Pimenta
No passado sábado, dia 21 de Maio, apareceu-me uma recordação do Fernando Pimenta vinda de 2011. Lembrou-me de uma medalha de prata em K1 numa Taça do Mundo. Não foi uma qualquer, foi a primeira que o olímpico Pimenta ganhou em K1 numa Taça do Mundo. Passaram 11 anos e no mesmo dia 21 de Maio, mas de 2022, no mesmo local e na mesma categoria, voltámos a comemorar, mas, desta feita, mais uma medalha de ouro.
Onze anos de grandes vitórias, de grandes sacrifícios, de muito trabalho, de superação. Fernando Pimenta faz parte do “Hall of Fame” do desporto de alta competição. É um orgulho ter um limiano como embaixador do desporto de topo português.
Alertas
Apesar de muita gente negar a sua existência, pura e simplesmente por não ter memória, a verdade é que em fotografias antigas se vêem grades nas duas margens junto à ponte velha de Ponte de Lima. Algures no inicio do século XX, com as obras de recuperação, retiraram o gradeamento e nunca mais lá foi colocado.
Já li alguns artigos e ouvi intervenções na Assembleia Municipal que alertavam para o perigo da não existência de grades no passeio em frente ao largo de Camões e em frente à igreja da Torre Velha. Infelizmente, sem grande aceitação. No passado domingo, uma criança caiu naquele espaço, felizmente sem consequências graves. Talvez seja o momento de ouvir os alertas.
Foto:Centro Português de Fotografia - cpf.pt |