Caro leitor, também tem saudades de quando no mês de Agosto se vivia a “silly season”?
Incêndios
Durante todo o mês fomos bombardeados pelas televisões com imagens de incêndios intermináveis, aldeias cercadas, entrevistas a pessoas na iminência de perderem todos os seus bens. Assistimos à descoordenação dos agentes no terreno, à falta de meios e, claro, à recorrente falha do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal, o famoso SIRESP, que nada mais é que a rede de comunicações exclusiva do Estado Português para o comando, controlo e coordenação de comunicações em todas as situações de emergência e segurança.
Portugal foi o terceiro país da União europeia com mais área ardida.
Serviço Nacional de Saúde
Pela propaganda que se vai ouvindo, não tem faltado investimento no SNS, no entanto a verdade é que não houve um dia durante o mês de Agosto que não fechassem serviços nos hospitais um pouco por todo o país. De que valem grandes frases e slogans quando depois assistimos ao caos nos hospitais? O SNS serve para acautelar as necessidades de assistência na saúde aos portugueses, é para isso que pagamos impostos. Se, apesar do investimento feito, não é isso o que acontece, é porque as opções políticas não são as corretas. Seja a montante, nas políticas de formação dos profissionais, seja a jusante, com a opção política de limitação e quase divorcio entre público e privado, a verdade é que algo terá de ser feito.
Forças policiais
Assistimos a uma grande preocupação em colocar agentes nas grandes cidades. A comunicação social nacional verteu rios de tinta sobre a falta de investimento em meios humanos e materiais nas forças de segurança nos grandes centros. O governo anunciou de imediato umas “carrinhas de proximidade”, que, afinal, se revelaram um grande flop. Algumas delas saíram em reboque poucas horas após o apagar das luzes dos directos no telejornais.
E por cá? Pelo nosso interior, como vamos de investimento nas forças de segurança? Tentem ligar para a GNR de Ponte de Lima durante a noite. Apesar da simpatia dos agentes que nos atendem, infelizmente só têm um carro patrulha para todo o concelho. Se o leitor precisar de ajuda em Freixo, poderá ter o azar de ter de esperar que essa viatura possa sair de um ocorrência em Vilar do Monte (cerca de 30 quilómetros de distancia) para o poder ajudar.
Como o azeite
A verdade vem sempre ao de cima. Já diz na Bíblia, em Mateus 6:14, que "ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro”. Numa das primeiras páginas de Agosto deste jornal percebeu-se muito do porquê de tanto silêncio na política local de Ponte de Lima, nomeadamente na estrutura do maior partido da oposição.
Requiescat in pace
Tive a sorte de, enquanto pré-adolescente/adolescente, assistir a uma das últimas verdadeiras tertúlias políticas de Ponte de Lima feitas num café, na mítica Havaneza. Embora a maioria fosse social democrata, dela faziam parte também pessoas de esquerda, do centro e até de direita. Alguns tinham cargos políticos, vereadores, deputados, membros da Assembleia Municipal, mas, na sua maioria, eram “simples” cidadãos preocupados com a sua terra e o seu país. Infelizmente, o mês de Agosto levou um dos membros dessa tertúlia. Fernando Lima, Tanito para os amigos, era um amante da boa mesa e da vida. Tinha um humor refinado e deu-me a honra de me chamar amigo.