domingo, setembro 18, 2022

Alto Minho, artigo de 14-09-2022

Feiras Novas

A ansiedade era muita, a vontade de lá estar ainda maior. Depois de dois anos de pausa, as Feiras novas, as Festas do concelho de Ponte de Lima, estavam de volta.  E as expectativas foram superadas, as pessoas, como diz a canção, vindas de “toda a parte e de toda a condição”, “inundaram” as ruas da vila limiana e até o sol, apesar das ameaças dos boletins meteorológicos, compareceu e ofereceu o seu calor. 

As Feiras Novas voltaram em força. Regressou o som das concertinas, das castanholas, dos reco-recos, dos cantares ao desafio, o cheiro a churrasco, os pregões da feira, os bombos e o barulho da multidão e dos divertimentos, tudo isto, junto, concede um ambiente único às festas de Ponte de Lima.


Melhorias


Pelo que se pode ler de responsáveis, neste ano foi mote, e bem, a redução de custos com as festas. É no entanto necessário que os cortes não sejam em algo que prejudique os momentos que são referência da festa. 

A coordenação entre a decoração luminosa das ruas e os cortejos e a procissão terá de ser algo a melhorar. A presença de policiamento e de seguranças nos cortejos deverá ser revisto para evitar situações de desentendimento entre a assistência, contribuindo, ainda, para a fluidez dos quadros dos cortejos. Embora maioritariamente de surgimento expontâneo, as rusgas não podem permanecer em pontos que, quais barragens, bloqueiem a fluidez da multidão gerando momentos de verdadeiro caos. Caberá à organização sensibilizar e deslocar, por vezes poucos metros, para locais mais abertos.

A mudança de parte da equipa organizativa, a saída, infelizmente alguns por falecimento, de membros que durante anos foram referência, criou um desafio muito grande para os que ficaram. Certamente este ano foi de aprendizagem e os próximos serão muito melhores. Os novos terão tempo de perceber a responsabilidade que carregam ao organizar as Festas de todo um concelho como o de Ponte de Lima.


Estereis polémicas


As redes sociais foram inundadas e alimentaram a polémica da falta de iluminação na igreja de Santo António da torre Velha durante as Feiras Novas. Não fazendo parte da direção da Irmandade, dona e gestora do edifício, pelo que fui lendo, a ausência de iluminação aconteceu, apenas e só, por opção da Comissão de Festas. Esta preferiu não colocar na igreja a iluminação temporária tal como a que vemos nas ruas e que no final das festas é retirada. Aliás, tal como optou por não o fazer nos arcos da ponte velha. 

A proposta apresentada e não aceite pela Irmandade de Santo António foi bem diferente, consistia na iluminação permanente com lâmpadas led do conjunto igreja e ponte velha durante todo o ano. Ora, essa é uma iluminação que nada tem a ver com as das Feiras Novas e espero que rapidamente o Município e a Irmandade consigam encontrar uma proposta consensual.

Mais uma vez, as redes sociais apenas serviram para um género de catarse coletiva onde, sem lerem as noticias, todos tinham uma frase de suspeita e insulto. Ao invés de aproximar e informar, as redes sociais servem cada vez mais para separar as comunidades.