Espécie
Saem por esta altura. Ao final de uns meses desaparecidos começam a ser vistos um pouco por todo o lado. Vão-se juntando em bando e assim seguem para vários locais espalhados pela região. O objectivo é estarem presentes nas actividades das suas crias.
Escrevo sobre sobre os Pais dos atletas das camadas de formação dos vários desportos onde os seus filhos militam. Centremo-nos no futebol. Em alguns clubes, a formação abrange mais de 500 crianças e jovens. Para os menores de 12 anos, os jogos realizam-se, normalmente, aos sábados de manhã. É ver os Pais a juntarem-se pela manhã, deslocando-se juntos por alguns dos caminhos deste Alto Minho (e de outras regiões).
Não deixa de ser curioso verificar como por vezes os pais carregam por esses caminhos um peso que os seus filhos desprezam, o peso do resultado. As bancadas, por vezes, sobrepõem-se aos bancos dos treinadores, e isso nada tem que ver com o apoio salutar à equipa dos filhos. Claro que ninguém gosta de perder, mas, naquelas idades, o resultado fica muito para trás do que significa a satisfação de se divertirem em campo, de ver a sua alegria ao correrem com sol ou com chuva, no fundo, de poderem brincarem ao ar livre com a bola e com os companheiros. Essa sensação de felicidade é algo que supera qualquer resultado.
Felizmente, a cultura da formação dos clubes vive uma mudança de paradigma. Mais que o foco no resultado, mais que formatação para a modalidade, o objectivo é terem crianças felizes, que se divertem por jogar com os seus companheiros. O objectivo passou a ser o de ajudarem a formar crianças saudáveis, solidárias e felizes.
Quando aqueles que se vão juntando ao sábado, de Outubro a Junho, descontraírem, deixarem cair os preceitos da competição dos adultos e passarem a valorizar o convívio, a camaradagem e a diversão, será verdadeiramente revolucionário. Talvez aí se construa uma sociedade onde se poderá ir, novamente, ver um jogo de futebol, daqueles a sério, sem ter medo de levar a sua família.
Avenida interdita
No início deste mês fez 121 anos, foi inaugurada por um futuro rei que, por ter sido assassinado, nunca chegou a sê-lo. Tomou o seu nome, D. Luís Filipe, mas, com a implantação da República, foi re-baptizada de Avenida 5 de Outubro. A verdade é que na memória coletiva ficou para sempre conhecida por Avenida dos Plátanos.
Hoje, este espaço icónico da vila de Ponte de Lima vive um momento de extrema importância. A sua sobrevivência está em causa. Depois de anos de avisos, a queda repetitiva de grandes ramos e a visível fragilidade de várias espécies fez com que aquele espaço tão procurado para caminhadas e passeios, por segurança, fosse completamente vedado à circulação.
Agora, sem sentimentalismos, está na hora de dar espaço aos especialistas. O que é preciso é que volte a ser, o mais rapidamente possível, um espaço de deslumbramento para limianos e visitantes.