Sondagens
A importância das sondagens é relativa. A interpretação que hoje devemos dar às mesmas deverá ter em conta que, ao contrário do passado, elas passaram a ser mais um instrumento de influência sobre o eleitor e menos uma previsão de voto, daí as diferenças entre as sondagens e os resultados que espantam tantos entre na noite eleitoral.
É, no entanto, interessante analisar a narrativa que as várias sondagens vão dando. Veja-se o caso do CDS-PP, que tem vegetado nas caudas das sondagens. Na passada semana, um estudo de opinião da Pitagórica para a TVI/CNN Portugal atribuiu-lhe 0%, nenhum dos inquiridos terá dado a sua intenção de voto aos centristas.
A narrativa do fim o CDS parece ter “colado”. Os dirigentes, sem o Parlamento como plataforma comunicacional, não conseguem lutar contra ela e o fim parece, infelizmente, cada vez mais próximo.
É neste contexto que Ponte de Lima assume uma importância extrema na vida dos centristas. A única Câmara Municipal sempre gerida pelo CDS aguentar-se-á, qual torre de menagem, como o último bastião do partido? Falta saber se os dirigentes locais quererão assumir o desafio de se candidatarem por um partido em tal situação ou se cederão à tentação de coligações ou rebranding eleitoral. É aqui que entra o difícil equilíbrio entre o coração, o romantismo e o pragmatismo.
Símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude
Passaram 23 anos desde que estive, pela primeira vez, frente a frente com a cruz peregrina das Jornadas Mundiais da Juventude. Depois de uma longa viagem de autocarro, entre Viana do Castelo e Roma, entramos a pé na praça de S. Pedro. Lembro-me do intenso ruído da multidão e da emoção de ver e ouvir o papa João Paulo II. Sem espaço útil para andar, a locomoção era feita em ondas compostas por várias camadas onde se destacavam as diferentes cores das camisolas e das bandeiras oriundas dos quatro cantos do mundo. Para onde quer que se olhasse, via-se uma multidão que transformava a Praça de São Pedro e as ruas que vão até ao Tibre num corpo uno. Unido na fé, na esperança e na alegria.
Divididos por grupos, fomos escolhendo as atividades onde iríamos participar. Queríamos experiências únicas. Depois de algum esforço, conseguimos encontrar a pequena igreja, pequena para os padrões de Roma, onde a cruz peregrina, na altura o único símbolo da jornada, esperava os jovens. Foi à sua sombra que cantei canções que ainda hoje, passadas duas décadas, me arrepiam. Foi ali, junto daquela cruz, que vivi a aconchegante experiência de uma Igreja realmente universal, uma Igreja católica. Ao meu lado, com as suas diferenças culturais e sociais, estavam jovens de todo o mundo unidos no silêncio, no cântico, na oração, olhando para a mesma cruz que, longe de significar sofrimento, os abraçava na esperança.
Quase 23 anos depois, essa cruz, agora em conjunto com o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, passou literalmente à minha porta. Com ela iam os jovens de hoje, a cantar, a festejar a sua peregrinação. Com a mesma esperança de outrora, lembro-me das palavras que, naquele sábado de 16 de Agosto de 2000, João Paulo II nos dirigiu na vigília de oração, em Tor Vergata, “vejo em vós as «sentinelas da manhã» (cf. Is 21, 11-12), nesta alvorada do terceiro milénio”.