Cultura
O mês de Março ainda agora começou, mas tem já proporcionado momentos de excelência cultural e de promoção da memória coletiva. Depois de no passado sábado o momento alto das cerimónias de 4 de Março ter sido a apresentação da reedição do livro de Amândio Sousa Vieira “Rainha D. Teresa - E Fez Vila o Lugar de Ponte”, na manhã da próxima sexta-feira, o Município de Ponte de Lima promoverá um seminário intitulado "À Descoberta dos Solares da Ribeira Lima”, onde será apresentado o livro "À Descoberta dos Solares da Ribeira Lima - um Património entre a Continuidade e a Reinvenção" da autoria de Miguel Ayres de Campos Tovar. Mas a agenda não fica por aí. Pelas 15 horas deste sábado, o mesmo autor será o cicerone de uma visita guiada, promovida pela paróquia de Santa Maria dos Anjos, à igreja Matriz da vila de Ponte de Lima. “Re-visitar a igreja matriz com um novo olhar” promete trazer uma visão da matriz que para a maioria de nós será uma surpresa.
Não, não é um certificado de confiança
Desde os idos de Março de 2018 que o PSD de Ponte de Lima é liderado pelos mesmos protagonistas. Nas autárquicas de 2021, o PSD, com mais 182 votos que a candidatura à Câmara Municipal de 2017, recuperou um vereador, perdendo, no entanto, votação para a Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia às quais foram apresentadas menos candidaturas do que na eleição anterior. No final, o PSD em Ponte de Lima, em 2021, perdeu cerca de 40% dos seus eleitos.
Desaparecido do espaço publico apenas emergiu a um ano das eleições, envolto em polémicas sobre possíveis coligações. Sem capacidade de atrair militantes, eleitos ou simpatizantes, as reuniões passaram a ser frequentadas por 4 ou 5 pessoas. No passado mês de Setembro de 2022, foram eleitos os órgãos distritais do PSD Alto Minho, em Ponte de Lima votaram 6 militantes. As eleições para a concelhia, que se realizariam dali a dois meses, foram adiadas com a argumentação unânime de que seria necessário envolver os militantes, promover a renovação, olhar para fora, ter uma estratégia clara para o concelho e um plano para a comunicar.
Todavia, apesar do diagnostico, a aposta foi na mesma receita. Na passada semana, neste jornal, foi anunciado que, apesar dos cinco anos na liderança, a reeleita liderança estaria a “preparar um documento”. Eleitos “aproximadamente por duas dezenas de votos” (20), na realidade, os novos órgãos locais do PSD são constituídos por 14 membros efectivos. Não, a existência de uma só candidatura não é um certificado de confiança, é um certificado de indiferença e abandono. A esperança, a liderança de uma renovação política para o concelho não passa pelo passado, seja ele mais longínquo ou mais próximo.
Esperança no futuro
Foi com o convite para integrar a lista do PSD à Câmara Municipal que Felismina Barros despertou para a política activa. A advogada, conhecida em Ponte de Lima como “Tininha”, integrou a lista do PSD por Viana do Castelo candidata às eleições legislativas de 2022. Embora relegada para um lugar onde praticamente seria impossível ser eleita, não se resignou, arregaçou as mangas, contactou pessoas, planeou, ouviu e conseguiu mobilizar gente de várias facções políticas, até mesmo militantes que estavam arredados da militância activa. Trouxe, efetivamente, uma lufada de ar fresco, uma esperança de renovação. Ponte de Lima foi o único concelho a manter-se laranja. Felismina Barros acabaria por se filiar no Partido Social Democrata, apadrinhada pelo presidente nacional do PSD. A dois anos das eleições autárquicas está bom de ver onde está a esperança no futuro.