Memória
Quando nasceram, no final do século XIX, não passaria na cabeça dos seus pais que iriam viajar por França e ainda pôr um pezinho na Alemanha. O Paulo (Morais) e o Fernando (Gonçalves) nasceram na vila de Ponte de Lima e na casa dos 20 foram chamados pela pátria. No “milagre de Tancos”, programado pelo seu conterrâneo General Norton de Matos, foram preparados (?) para marcharem para França defender os “interesses” de Portugal.
Mal preparados, mal equipados, sem retaguarda para os render, mal saídos de um inverno extremamente frio e húmido, enfrentaram, no dia 9 de Abril de 1918, uma das maiores ofensivas militares das forças alemãs na I Grande Guerra. Mais de 55 mil homens carregados com todos os meios, artilharia pesada, gases venenosos, metralhadora, penetraram as linhas portuguesas. O Paulo e o Fernando, além de viverem o terror do avanço alemão sobre as linhas que integravam, foram feitos prisioneiros de guerra e levados para um campo de prisioneiros na Alemanha. Só muitos meses depois, já a guerra tinha terminado, é que regressaram a Portugal e, finalmente, a Ponte de Lima.
!05 anos depois, a sua “viagem” ainda é recordada. Não só pelas suas famílias mas também por camaradas de outras gerações que não deixam cair no esquecimento os vários jovens, como o Paulo e o Fernando, que, de Ponte de Lima, rumaram para as trincheiras francesas (outros para Africa).
Páscoa
Depois de 3 anos sem a possibilidade de viver a Páscoa como só o Alto Minho vive, eis que voltamos à nossa “normalidade”, às nossas tradições, ao compasso Pascal. É verdade que em muitas paróquias a tradição já não volta com a força de outrora, noutras, a realidade veio trazer novas formas de a viver, mas, na generalidade das terras e recantos alto-minhotos, o som das campainhas, o entrar e sair de casa em casa, os sinos e foguetes, a alegria serão o mote do próximo domingo.
Democracia
Não há democracia sem cidadãos esclarecidos, não há democracia sem liberdade de pensamento ou de discurso, não há democracia sem escrutínio. O jornalismo livre é um dos pilares fundamentais das democracias.
Um jornal regional, como este que o leitor está a ler, com reconhecida qualidade gráfica, e, acima de tudo, editorial, que sai para a rua com periodicidade certa; com jornalismo de qualidade, que produz notícias da região, não se limitando a uma mera reprodução de comunicados ou de notícias de gabinetes e agências de comunicação; que faz entrevistas que retiram “sumo” aos entrevistados, porque abriga uma equipa de jornalistas, com formação e carteira profissional, com salários em dia, motivados; um jornal que capta a realidade da região e que é uma referência é, certamente, para alguns dos que se acham “poderosos”, uma ameaça. Há os que não apreciam porque sabem que, em democracia, como já anteriormente escrevi, os cidadãos esclarecidos tendem a não tolerar a mediocridade.
Obrigado a todos os profissionais que por aqui também constroem a nossa democracia.