domingo, abril 02, 2023

Alto Minho, artigo de 29-03-2023

 Realidades 

Ultimamente o país tem sido assolado por notícias de fechos de serviços de hospitais. Mais na zona centro e Lisboa mas também no Algarve, o que mais chocou as televisões foi o encerramento de maternidades e as contingências nas urgências. Em alguns casos, os utentes passaram a estar à distancia de 60 a 100 quilómetros desses serviços. Mesmo que seja por encerramento momentâneo, o impacto é imenso.  


Saúde no Alto Minho


Por cá, no Alto Minho, uma mulher que queira dar á luz e seja de Melgaço, para chegar à maternidade andará mais de 100 quilómetros e demorará, em média, 1 hora e 20 minutos (isto a sair do centro de Melgaço) por só existir maternidade em Viana do Castelo. A distancia encurtar-se-á por existirem alguns serviços médicos no hospital Conde de Bertiandos, em Ponte de Lima. No entanto, embora a capital de Distrito fique geograficamente numa das extremidades do território, a maioria das valências apenas existem no Hospital de Viana do Castelo 


Transportes no Alto Minho


Quando um elétrico, em Lisboa, ou um autocarro elétrico ou movido a hidrogénio, dos STCP (Porto), avaria, os telejornais e as televisões de notícias por cabo, fazem longos diretos sobre os constrangimentos que daí advêm para a população. Nós, aqui pelo Alto Minho, não podemos afirmar que temos uma rede de transportes deficitária, porque não temos nenhuma rede de transportes (já para não mencionar os autocarros com 20 ou 30 anos, horários desfasados da realidade, inexistência de intermodalidade de transportes...). 

É verdade que decorre um concurso público internacional para o serviço de transportes públicos no Alto Minho, mas, infelizmente, já foi anunciado que um dos grandes objectivos a atingir com este concurso será o de habilitar “as autoridades de transportes do Alto Minho de um conhecimento mais profundo das dinâmicas ao nível do transporte público rodoviário de passageiros”. Ou seja, nos próximos anos ainda estaremos a desenvolver uma experiência em grande escala. Certamente continuaremos todos a depender do transporte privado, com a imposição de tecnologias e combustíveis caros para os alto-minhotos que continuam longe do poder de compra nacional. 


Longe do poder

 

O Alto Minho, ou a “província” mais a norte, como os de Lisboa nos veem, continua longe, muito longe das decisões e investimento dos políticos. O gravitas eleitoral situa-se, cada vez mais, apenas nas grandes cidades. Partidos há que apenas representam esses eleitores citadinos, não existindo politicamente nos territórios do interior. Territórios que não conhecem nem parecem ter interesse em conhecer. 

A democracia também sangra por aí, pela falta de representatividade, pelo abandono do território que parece relegado à extravagância dos seus “produtos endógenos” consumidos momentaneamente pelos das cidades que se aventuram uns dias na “província”.