domingo, outubro 22, 2023

Alto Minho, artigo de 18-10-2023


Chuva

Depois da pouca chuva durante o mês de Setembro e das temperaturas elevadas, no inicio de Outubro, eis que, na passada sexta-feira, tudo se inverteu. O dia começou cinzento, o final da tarde trouxe chuva torrencial e trovoada que cobriram a vila limiana durante algumas horas.

Obviamente, as consequências foram ruas e casas inundadas, estradas intransitáveis e vários prejuízos. Por sorte, não coincidiu com descargas na barragem do Lindoso, o que agravaria o problema com o refluxo das águas pluviais. Quando a precipitação no mês de Outubro, em Ponte de Lima, tem uma média mensal de 262 milímetros (mm), naquelas horas terá chovido o equivalente a cerca de 150 mm. Muito pouco poderia ter sido feito para menorizar as consequências da passagem de um “rio atmosférico”… 


Mas


Sim, há um “mas”. A verdade é que desde há mais de uma década que se têm vivenciado situações parecidas com esta. Nem é preciso um fenómeno atmosférico tão extremo para existir um ponto comum, as águas que descem da “fronteira” entre a vila e a freguesia da Feitosa. Descem pelas ruas e estradas transformando-as em autênticos rios. Veja-se o exemplo da rotunda junto igreja de Nossa Senhora da Guia, tornando-se um dos pontos críticos. A estrada nacional transforma-se num rio, a água chega à rotunda transformando-a num lago que logo desce em jeito de cascata para a estrada que passa desnivelada em direcção à freguesia da Correlhã. 

O problema parece residir nos novos empreendimentos e arruamentos construídos nas últimas duas décadas. Os prédios na zona do novo quartel dos Bombeiros e sopé do cemitério da Vila, nas grandes superfícies construídas entre a rotunda da Feitosa e a já citada da Nossa Senhora da Guia. Campos de cultivo e montado ocupados pelo betão e alcatrão que impermeabilizaram os solos. Foram acauteladas as águas pluviais? Por onde poderão elas correr? 

Não vale a pena correr para as “redes” a fazer acusações, mas também não se pode fechar os olhos ao que parece mais que evidente. Os responsáveis autárquicos terão, ao contrário de outros seus antecessores, de enfrentar o problema. Por outros terem empurrado o assunto, ou terem feito de conta que não existia, é que os actuais terão que encontrar uma solução.   


Por falar em autarcas


Na passada semana, numa entrevista a um líder partidário, uma pessoas da assistência perguntava-lhe “Qual é a sua visão para o país?”. E, porque já começou a caminhada para as próximas autárquicas, lembrei-me de que esta é uma pergunta a que os autarcas, ou candidatos a autarcas, deveriam responder. 

Não, caro leitor, infelizmente, nem todos a colocam e muitos menos têm uma resposta. Para responder é preciso avaliar, pensar e construir um plano para o território onde se pretende ser autarca. É preciso saber onde se está, onde se pretende chegar e como se poderá fazer para lá chegar.

Seria bom que, a todos os níveis, das freguesias às Assembleia Municipais, passando pelas Câmaras Municipais, todos os que se apresentassem às próximas eleições fossem confrontados com a pergunta, “Qual é a sua visão para a freguesia/concelho?”.