domingo, janeiro 14, 2024

Alto Minho, artigo de 11-01-2024

Políticos

Sim, caro leitor, os políticos e partidos já tomaram conta do espaço público. Há, por exemplo, políticos que falam como se na última década não tivessem intervenção directa na governação, ainda por cima em temas que agora colapsam. Mas agora é que vai ser! Caro leitor, é preocupante quando um partido está convictamente convencido de que a alternativa a si passa por si próprio. A democracia não pode ser encarada como um instrumento de perpetuação do poder.


Políticos sem ambição


Alguns não percebem que não é o cargo que exercem que lhes dá preponderância. Se as suas ideias, os seus projectos não forem consistentes com a preponderância que o seu cargo deveria ter não encontrarão, obviamente, “colaboração”, mas apenas “migalhas”. A falta de ambição tem reflexos e quem fica a perder são as comunidades.  


A piada dos “sacrificios” dos políticos


Os trabalhadores que todos os dias de madrugada apanham os transportes, as carrinhas, para se deslocarem para o trabalho, ou os que têm de trabalhar por turnos, perdendo muito do que achamos normal na nossa vida, devem ter muita pena dos sacrifícios que os políticos se queixam de ter de fazer para exercerem o seu cargo remunerado, acima da média, a tempo inteiro. 

É de rir que alguém se queixe quando não é obrigado a exercer o cargo que exerce. Se não gosta, ao contrários daqueles trabalhadores referidos no início, têm a boa opção que é sair. Só é político quem quer, em democracia ninguém é obrigado a exercer um cargo político.


Conselho Municipal da Juventude


É mais um concelho do Alto Minho a criar um Conselho Municipal da Juventude. Infelizmente, não é em Ponte de Lima, apesar de, há décadas, várias gerações de jovens terem solicitado, sem sucesso, a criação deste órgão consultivo. Valença junta-se ao grupo dos concelhos alto-minhotos que vêem neste orgão uma forma de atrair os jovens para a participação cívica, sem receio de os ouvir, com a sua irreverência, para a criação, definição e execução de políticas municipais de juventude. Não percebo o receio de alguns políticos em ouvirem os seus concidadãos.


Já não faz sentido


Quem leu o livro mais famoso de Maquiavel, “O Príncipe”, sabe que este, no capitulo XVII, discorre sobre se “vale mais ser amado que temido, ou temido que amado”. Escrevia ele que “os homens têm menor escrúpulo em ofender um que se faz amar, do que um que se faz temer, porque o amor está unido com o vínculo da obrigação o qual, por os homens serem maus, se parte na primeira ocasião em que surja o interesse, mas o temor é sustentado pelo medo do castigo o qual nunca se perde.”. Isto foi escrito em 1513, no meio das convulsões da península Itálica. Falar, hoje, em 2024, em “mão firme” quando se descreve a gestão de recursos humanos não é só retrógrado como parece vir de alguém que não compreendeu toda a evolução filosófica na gestão de pessoas.