domingo, janeiro 28, 2024

Alto Minho, artigo de 25-01-2024

 A insustentável leveza dos partidos

Leram a entrevista que o presidente da concelhia do PSD de Viana do Castelo deu, há duas semanas, aqui, ao jornal Alto Minho? Dizia ele que o candidato proposto pela concelhia que lidera para integrar a lista de candidatos do PSD à Assembleia da República “reúne condições políticas, humanas e de curriculum profissional para desempenhar um cargo de excelência na Assembleia da República”, afirmando ainda que “se não for cabeça de lista, será o número dois pelo distrito.”. O candidato referido é Eduardo Paço Viana, Secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade, no efémero XX Governo Constitucional, com vasta experiência como gestor público e privado. Realmente curriculum não lhe falta e até foi proposto por uma concelhia que nas últimas eleições legislativas obteve mais 5549 votos que as concelhias de Valença, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca juntas. Mas será isso importante para a constituição da lista de candidatos à Assembleia da República? 

A lista do PSD foi tornada pública na passada semana, será encabeçada por José Pedro Aguiar Branco que, enquanto ministro da defesa, tomou as decisões difíceis, mas certas, para salvar a indústria de construção naval de Viana do Castelo. Em segundo lugar, fica a candidata já repetente, a arcuense Emília Cerqueira, e Jorge Mendes, ex-presidente da Câmara de Valença, depois de ter liderado a lista social-democrata nas últimas eleições legislativas, é despromovido para o terceiro lugar. O quarto lugar será de Joana Mendes, que representa o CDS, partido que, nas últimas eleições legislativas, no distrito, foi apenas o quinto mais votado, obtendo 3,36% dos votos (em Ponte de Lima, que os mais distraídos apelidam como concelho centrista, o PSD obteve mais 6938 votos que o CDS, que apenas teve mais 768 votos que o CHEGA), e o quinto lugar é de Alfredo Oliveira, vereador na Câmara Municipal de Ponte da Barca. 

Perguntará o leitor “Então, e o candidato indicado por Viana do Castelo?”. Em Dezembro escrevi que a escolha da lista de candidatos a deputados, normalmente, rege-se “por critérios de afirmação e interesses internos dos partidos”, o lugar que lhe reservaram foi o de suplente.   


Partidas


Inscreveu-se no PPD completava o partido 4 meses, em Setembro de 1974. Foi, em conjunto com o seu marido, José de Matos Melo, uma das fundadoras, em Ponte de Lima, do que se tornaria no Partido Social Democrata. Manteve a militância durante toda a sua vida, participando em várias acções e campanhas do partido. A Palmira não é, no entanto, conhecida pela sua participação partidária, é conhecida pela sua simpatia, carinho e preocupação por todos, principalmente pelos mais novos da família.  

Ficarão para sempre marcados na minha memória, os dias de Páscoa em sua casa. Subir as escadas e sentir o cheiro a café, sentar-nos à mesa e, enquanto os adultos iam falando e o Compasso Pascal não chegava, nós, os mais novos, íamos comendo fatias de bolos caseiros e de Pão de Ló, roendo os rebuçados da Páscoa e tirando os pequenos “nacos” de queijo, ainda limiano, que nesse dia tinham um sabor especial. 

Palmira da Silva Soares, moradora que foi na rua Manuel Lima Bezerra, na Além da Ponte, partiu na passada semana, com 89 anos, para junto do seu José. 


Quem também partiu foi o José Augusto Caçador Alves. Um Homem das bandas de música, foi vários anos membro dos Corpos Sociais da Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima, foi, também, uma referência no PSD limiano. Sempre que me encontrava, cumprimentava-me com uma piada. Tive a honra de o ter sempre como apoiante nas minhas andanças políticas e a sorte de saborear o seu incrível mel. Também o dia de Páscoa está presente na memória que tenho com o Sr. Caçador. Era na sua casa que a Cruz, por sua insistência, tinha de fazer uma pausa ao meio-dia. Era lá que eu passava o testemunho ao Jorge Ferreira que passava a presidir o Compasso Pascal no período da tarde. 


Duas vidas pelas quais dou graças a Deus por se terem cruzado com a minha.