domingo, junho 09, 2024

Alto Minho, artigo de 06-06-2024

Qual é a dificuldade?

Cresci, tal como o meu pai e o meu avô, a brincar num largo que era como um parque público, com árvores e espaço para brincadeiras, para jogar à bola ou para correr. Os meus filhos também por lá passaram, infelizmente, já não como eu muito menos como eles. O campo para modalidades como o basquetebol, futebol e até ténis, que fora construído na minha adolescência, foi ocupado por barracas para uma idealizada “feira dos lavradores” que, pela falta de adesão, ficaram ao abandono e sujeitas à degradação. Os anos foram passando e aquele que tinha sido o centro das brincadeiras de gerações passou a ser um espaço deixado ao abandono. No mandato autárquico de 2017 a 2021, propus, e foi aprovada pela Assembleia de Freguesia da vila de Arcozelo, a retirada das construções de madeira da “feira de lavradores” para se voltar a dar vida àquele espaço através do desporto espontâneo. Os anos vão passando, e, ainda que o espaço tenha sido limpo das degradantes estruturas, demora a colocação de mobiliário urbano para que as crianças e jovens possam voltar a jogar basquetebol ou futsal.


Vida


Nas últimas décadas, os centros históricos foram perdendo vida. As famílias que por lá viveram durante décadas foram-se ausentando para ocupar os apartamentos que se vão construindo nos novos bairros periféricos. Esta é uma realidade visível um pouco por todas as nossas vilas e cidades, mas eis que algo está a quebrar esse circulo. A imigração.

Famílias vindas, por exemplo, do Brasil, vão ocupando casas nas ruas dos centros históricos. Não deixa de ser interessante verificar que muitos são descendentes de portugueses que fizeram o movimento inverso durante o final dos séculos XIX e XX. São esses que, “voltando”, trazem novamente o riso de crianças aos centros históricos.


O sonho


O clube de futebol mais representativo do concelho de Ponte de Lima, a Associação Desportiva “Os Limianos” teve uma época de sonho. Três equipas de formação, na próxima época, militarão nos campeonatos nacionais. A equipa sénior, que tinha sido “construída” para conseguir a manutenção no Campeonato de Portugal, não só venceu a sua série como, inusitadamente, disputou a subida à Liga 3 até ao penúltimo jogo. Os adeptos perceberam que o trabalho que tem sido realizado no clube de Ponte de Lima está a dar frutos, fazendo mesmo sonhar com “voos” que antes pareciam inalcançáveis. 

Embora adiado, a verdade é que foi demonstrado que é possível ir bem mais longe. É preciso criar, no entanto, os alicerces para essa caminhada, da mesma forma que se fez para o Campeonato de Portugal. Será deste modo, com um clube feito de sócios e de uma direcção eleita por estes, com uma estrutura cada vez mais profissional e profissionalizada, com o anunciado novo estádio, para que cumpra em casa com os requisitos das ligas superiores, que o sonho poderá materializar-se.

Como escreveu Sebastião da Gama, “pelo sonho é que vamos”.