domingo, junho 16, 2024

Alto Minho, artigo de 13-06-2024

Europeias


Não podemos olhar para as eleições europeias apenas pela bitola nacional, o “jogo” geopolítico é bastante complexo. A verdade é que é evidente que nada é como antes. Também politicamente vivemos tempos de mudança, a direita, nacionalista e protecionista, ganha espaço numa Europa que, nos últimos 80 anos, viveu tempos de convergência, eliminação de barreiras culturais, sociais e económicas. Numa Europa onde já algumas gerações cresceram sem fronteiras, com programas Erasmus e viagens lowcost, o segundo maior “grupo” de deputados europeus eleitos é precisamente de políticos da extrema direita e da extrema esquerda, anti processo europeu.
Talvez seja tempo dos partidos democratas do centro político deixarem os jogos partidários e passarem a olhar de outra forma para o que querem para o futuro.


Poucochinho 


Eis a palavra que volta à analise dos resultados a nível nacional. O PS vence as eleições europeias por menos de 1% que a AD, perde, ainda, deputados; o CHEGA, com o erro de casting do cabeça de lista, elege pela primeira vez deputados europeus, mas fica muito aquém do que esperava. Como disse António Costa, noutras eleições europeias, para estes dois partidos foi um resultado “poucochinho”. 


Mudanças


Lembro-me, até com alguma frequência, de uma conversa que tive com o padre Miranda, que foi pároco na vila de Arcozelo durante várias décadas. Falávamos sobre os sinais que nos indicavam que os tempos que até então vivêramos chegavam ao fim. Hoje isso aparenta ser ainda mais uma evidência. Para além da convulsão política que vivemos no “mundo ocidental”, a ordem internacional liberal, que se traduziu num longo período de paz e crescimento económico liderado pelas democracias ocidentais, está a chegar ao fim. Potências como a China e a Índia deixaram de ser economias emergentes e de ser vistas como complementares às ocidentais, passando a ser concorrentes diretas. Ao choque das economias associa-se o das regras ambientais e sociais, que não são as mesmas que as ocidentais.


Também existem boas mudança


Em 2014, estive dentro do grupo que, pela voz do então vereador do PSD, Manuel Barros, denunciou a existência de reuniões entre responsáveis do executivo municipal e promotores para a construção de uma linha de muito alta tensão que iria atravessar o concelho limiano sem que a isso se opusessem. Nos meses e anos seguintes, foram promovidas várias sessões de esclarecimento como em Refoios, na Gemieira, na freguesia da vila de Ponte de Lima, com a participação de centenas de limianos. O executivo de então nunca se associou a essas sessões de esclarecimento, onde a população tomou conhecimento das cargas eletromagnéticas elevadas que essas linhas acarretam para a população, para o ambiente. Mas há boas mudanças. As posições foram alterando, em 2020 foi emitido pelo executivo municipal um parecer negativo, atualmente, o executivo eleito em 2021 é mesmo uma das vozes mais activas na união dos municípios da região contra a linha de muito alta tensão.