Posição dura
Talvez tenha escapado ao leitor. No início do mês passado, a Comissão Política do PSD da Secção de Viana do Castelo, liderada por Orlando Antunes, tomou uma posição bem dura face aos deputados do PSD eleitos pelo distrito. Para além de se congratularem com a abolição das portagens, aprovada por proposta do PS, vista por muitos como oportunista, ainda afirmaram não se reverem na posição dos deputados do PSD eleitos pelo distrito de Viana do castelo.
Quando Orlando Antunes afirmou que o nome indicado para integrar a lista de deputados seria “colocado”, no máximo, em segundo lugar e depois passou a suplente, nada disse. Eis que, na primeira oportunidade, tomam uma posição pública bastante dura. Na verdade, quer o líder, quer a estrutura sabem que, independentemente dos deputados eleitos, o voto seria sempre o mesmo. Nenhum dos deputados do PSD iria votar a favor da proposta do PS, até porque, como escrevi, foi vista como oportunista, vinda de um partido que chumbou todas as propostas anteriormente feitas no mesmo sentido, algumas até há menos de um ano.
O princípio do fim?
A liderança do Municipio de Viana do Castelo parece ter entrado numa espiral negativa que poderá levar a mudanças no próximo ano. A questão dos transportes parece ser a “cereja no topo do bolo” da contestação que se ouve cada vez mais pelo concelho sede de distrito.
Às promessas de apoio ao transporte entre a Viana do Castelo e o Porto, caídas por terra quando deixou de haver dinheiro para as cumprir, juntam-se, agora, as “carreiras” suprimidas, um pouco por todo o concelho, por falta de acordo entre o município e o operador. Ao que parece, a Câmara Municipal irá assumir de forma transitória e gratuita o transporte dos circuitos urbanos empurrando, mais uma vez, a resolução do problema. Quando, novamente, chegar a um ponto de ruptura financeira e deixar de poder assegurar a graciosidade do transporte, o que irá fazer?
Nobre parece apostar na velha estratégia de participar em muitas inaugurações, mas a imagem do presidente da Câmara de Viana do Castelo, aparentemente, está a perder a popularidade que ajudou os seus antecessores nas reeleições. Quando as más decisões entram diretamente no bolso de tantos munícipes, talvez se tenha chegado ao fim de um ciclo que dura desde os anos 90.
Foco!
Deixando as posições de afirmação internas, eis que o maior partido da oposição em Viana do Castelo tem a oportunidade de fazer história. Orlando Antunes precisa, rapidamente, de assumir a candidatura à Câmara Municipal. Certamente, já terá uma equipa no terreno, nas diferentes áreas de intervenção e territórios. Mas é preciso assumir o espaço público, e, neste momento, quem falar com o comum dos vianenses percebe que ninguém conhece os membros da equipa, e, em política, se não se conhece, não existe. Já para não escrever sobre os novos agentes políticos, a Iniciativa Liberal e o CHEGA, este, ainda para mais, com Eduardo Teixeira, líder da estrutura social-democrata durante vários anos.
Falta saber se manterão o foco no que realmente interessa, a Câmara Municipal, ou se se perderão noutras ambições.