Pormenores de uma grande romaria
Tinha uma tia avó que avaliava os restaurantes e pastelarias pelo asseio das suas casas de banho. Se não tinham cuidado na limpeza e asseio, era porque o serviço ficava muito a desejar e só muito relutantemente é que lá voltaria. Durante o último fim de semana lembrei-me dela. Alguém consegue imaginar um evento à escala das Feiras Novas com casas de banho móveis sempre asseadas e limpas? Pois bem, foi o que se encontrou, por exemplo, no mercado municipal, nas casas de banho móveis. Bem sei que parece uma futilidade mas, caro leitor, não é. Ainda me lembro de há umas décadas, enquanto dirigente de uma juventude partidária, propor a colocação de casas de banho móveis. A ideia foi ridicularizada pelo detentores do poder, alegando que confundíamos as Feiras Novas com uma festa académica. Tinham razão, as Feiras Novas não são nem nunca foram uma festa académica, no entanto a sua grandiosidade ultrapassa-as. Passados alguns anos, para o bem da salubridade do centro histórico, um pouco a medo, as casas de banho móveis foram colocadas em alguns pontos chave.
A actual situação passa a imagem de organização e respeito pelos que nos visitam e, aqui, a Associação Concelhia das Feiras Novas fez um trabalho meritório.
Não é necessário
Na semana da abertura das Feiras Novas, fomos inundados por infundadas afirmações destacando “a romaria mais antiga de Portugal”. O Municipio de Ponte de Lima deveria afastar-se dessas afirmações, deveria até tornar pública uma comunicação onde desse conta de que as nossas festas maiores não necessitam de frases falsas para se imporem como uma das maiores e mais tradicionais romarias do país.
Não sei se repararam
Na passada sexta feira, o Partido Social Democrata teve eleições internas. Se não sabem é porque, certamente, estiveram a viver intensamente as Feiras Novas. Não foi por falta de transparência, o PSD criou uma página web (http://resultados.psd.pt) onde se pode consultar a participação dos militantes e os resultados.
Para além da magnitude da vitória natural de um recandidato único à presidência do partido, que exerce, actualmente, o cargo de Primeiro Ministro, vale a pena consultar a página para perceber algumas dinâmicas internas. Na análise, que certamente os responsáveis nacionais irão fazer, é perceptível como o PSD no distrito de Viana do Castelo se encontra, de certa forma, desfasado da real dinâmica eleitoral do distrito. Não é normal que na maior concelhia, a de Viana do Castelo, estejam 521 militantes em condição de votar e apenas 70 o tenham feito, nem é normal o exacerbado peso da concelhia de Arcos de Valdevez que, internamente, vale várias vezes o conjunto dos votos que todas as outras 9 concelhias juntas obtiveram.
O PSD de Arcos de Valdevez, fruto do seu trabalho, é certo, conquistou por direito próprio as rédeas da estrutura distrital. Cometeu, no entanto, o erro de afastar quase todos os que, de outras concelhias, pela sua influência, poderiam criar alguma entropia à sua tomada do poder interno. O problema é que o afastamento local dessas pessoas levou a que outros também se afastassem, e o resultado está à vista. São cada vez menos os militantes que, mesmo quando o partido está no poder, se dão ao trabalho de exercer o mais básico dos seus direitos, o de votar internamente.
As eleições autárquicas estão à porta e a mobilização, pelo que se vê, parece muito fraca. Talvez seja tempo de voltar a incluir e não excluir aqueles que não se conformam em ser “yes man”.