Bibliotecas
Quando abordamos este assuntos, muitos perdem logo a vontade de ler. Mas a verdade é que houve um esforço enorme do Estado e das autarquias para disponibilizar um espaço, aberto a todos, onde se aceda à informação de forma “gratuita” e generalizada. Informação que pode estar sob o suporte papel, audiovisual, digital, etc.
Apesar do investimento público, infelizmente, muitos desconhecem este serviço. Caro leitor, quantas vezes já foi à biblioteca municipal do seu concelho? Quantos amigos seus, adultos, a frequentam? Quantos adultos se revêem ou encontram na biblioteca municipal do seu concelho resposta às suas necessidades de informação? Provavelmente, na maior parte dos concelhos, muito poucos.
Há um esforço dos serviços para promover encontros de leitores, de autores, a realização de feiras, exposições… Mas, então, porque é que há um fosso entre os cidadãos e a sua biblioteca?
Muitas bibliotecas “prenderam-se” ao serviço que prestam às bibliotecas escolares. Esse passou a ser o core business que o poder político promove, talvez pelos resultados imediatos que daí possa obter. Não descurando esse serviço, não deve, nem pode, ser o único, nem mesmo o maioritário. O foco deve estar na comunidade como um todo, não apenas numa parte.
Talvez esteja na altura do poder político promover os meios para que seja possível formular um novo plano que reforce o papel cultural, informativo e social das bibliotecas municipais, que não passe apenas pelas escolas, mas que se dirija a outros públicos sem interesse pelos livros, mas com necessidades de informação variadas. A criação e dinamização, por exemplo, de serviços de apoio ao cidadão e à cultura local, serviços de informação à comunidade ou de divulgação do fundo local, serviços de qualidade apoiados na Internet e capazes de tirar partido de novas ferramentas como a Inteligência Artificial. Porque não aproveitarem as CIM´s e a suas capacidades de agregação? Seria uma forma de ganhar escala. Podem crer que, se o fizerem, os resultados, mesmos os políticos, aparecerão.
Querem um bom exemplo?
Para quem acha que as bibliotecas e os arquivos municipais são um género de depósitos acumuladores de “papéis”, eis um bom exemplo, vindo do Município de Arcos de Valdevez, de como estes serviços podem desenvolver e envolver-se em projetos inovadores.
Este sábado é apresentado o Portal da Memória Arcuense, desenvolvido pelo arquivo e pela biblioteca municipais, o portal vai disponibilizar, para além das tradições e costumes da sociedade arcuense, uma hemeroteca digital e uma livraria municipal.
Sim, é possível fazer diferente, desde que exista espírito livre e aberto e, claro, vontade política.
A amargura é a mesma
Torna-se difícil perceber a morte de um jovem, na flor da vida, quando se dedica aos próximos, quando participa, quando se prepara afincadamente para uma vida que entretanto não chega a ser. A dor e o vazio da perda que ficam nos mais próximos são como se o chão desaparecesse debaixo dos nosso pés.
Mas também é pesado assistir ao desaparecimento, em vida, daqueles que conhecemos de sempre e que foram pessoas activas na nossa comunidade. A perda e degradação da agilidade física associada à cognitiva faz-nos perceber que também os “Gigantes” são tombados pela fragilidade humana.
Estas situações, que nos causam amargura, deveriam fazer-nos recentrar as nossas prioridades, pensar na nossa atitude para com os outros. Pensar em como tudo é efémero, mesmo quando temos um longa vida.