domingo, outubro 19, 2025

Alto Minho, artigo de 16-10-2025

Ainda não

No momento que escrevo, ainda se desconhecem os resultados da noite eleitoral, mas o leitor, que lê esta crónica dias depois, já conhece o desfecho. O que achou dos resultados, surpreenderam?

Para a semana, voltaremos a este tema.


Até quando?


Num domingo, enquanto assistia a um jogo de futebol de iniciados (sub15 B),  na bancada, pais e avós davam exemplo do que não deve ser o desporto. Insultos, gritos, ameaças, atitudes que, provavelmente, esses cidadãos reprovariam na sua vida quotidiana. Que exemplo querem dar aos seus miúdos? Como reagirão eles, no decorrer do jogo, com os colegas da equipa contrária ou com os árbitros? 

Foi um árbitro, em formação, com os seus 16 ou 17 anos, que tomou conta da situação mantendo-se, pelo menos aparentemente, sereno e impermeável à pressão. Por sorte, a equipa adversária não entrou no “jogo”, manteve uma atitude de desportivismo, de foco no que é importante naquela idade (e não só), aprender em contexto de jogo. 


Passos para mudar o paradigma


Ainda bem que há quem reme contra a maré. A Associação de Futebol de Viana do Castelo está a organizar treinos de observação de guarda-redes. Tem como objectivo permitir aos guarda-redes sub14, de todos os clubes que queiram participar, uma experiência diferente de treino e partilhar o balneário com os colegas dos outros clubes. Esta é uma das mais difíceis, especificas e, muitas das vezes, menorizada, posições do futebol. Se, como muitos dizem, uma equipa é uma família, os guarda-redes criam, pela sua especificidade, uma subfamília. 

Esta iniciativa permite criar laços, conhecer diferentes realidades, perceber que há muito mais a unir que a separá-los. Contribuirá, também, para esclarecer que atitudes como a que assisti naquele domingo não fazem qualquer sentido. Num jogo, o colega com que treinaram é adversário, não é inimigo. Fora das linhas de jogo até pode ser seu amigo, seu colega, sendo como for, tem de ser tratado com respeito. 

Estas iniciativas, para além da componente da evolução técnica que proporcionam aos jovens atletas, são, também, oportunidades para ajudar a mudar o clima crispado que afasta as pessoas das bancadas.