domingo, novembro 09, 2025

Alto Minho, artigo de 06-11-2025

Entrevista e declarações

Os novos protagonistas autárquicos e os repetentes têm dado entrevistas à comunicação social. Recentemente, li a entrevista ao presidente da câmara de Ponte de Lima, Vasco Ferraz, bem como as declarações que fez sobre a CIM Alto Minho. A afirmação dentro da Comunidade Intermunicipal continua na agenda de Ferraz. Fez bem sublinhar as suas linhas vermelhas para o apoio à alteração da liderança na CIM. Embora com a natural solidariedade entre concelhos, fez saber que esta deve ser recíproca. Obviamente que é uma forma de pressão, não acredito que o edil limiano dê a mão a quem, no fundo, o levou à demissão dos órgãos anteriores, mas é preciso que os outros responsáveis políticos olhem para o concelho limiano com o respeito devido ao segundo maior concelho do distrito. 

Já na entrevista que Vasco Ferraz deu aqui ao Alto Minho, refere dois novos projectos impactantes, a Casa do Conhecimento e a Escola das Artes de Ponte de Lima. Foi, no entanto, notória a falta de referência a um projecto que até já deveria estar em andamento, o da construção de um novo estádio municipal no actual campo municipal do Triunfo. Não só pelo trabalho que tem sido feito pela Associação Desportiva “Os Limianos”, quer na formação quer no desempenho desportivo da sua equipa principal, mas também pelas oportunidades que esse novo complexo desportivo poderá criar em termos de atractividade de promoção, o Mundial 2030 está aí, literalmente, à porta com jogos no Dragão e na Galiza. Espera-se que, embora tenha ficado de fora dos temas abordados na entrevista, o projecto apresentado no início de 2024 não morra e que rapidamente se torne uma realidade. 


Homens à altura das circunstâncias


No distrito, ao contrário de outras autárquicas, existem várias situações em que os eleitos nas assembleias de freguesias não se entendem para a constituição dos executivos. Para alguns, parece ser difícil perceber, depois das comemorações na noite eleitoral, que, apesar da sua vitória, o voto popular ditou que terão de partilhar o poder com outras forças políticas. Há quem perceba o funcionamento da democracia, mas outros há que se entrincheiram em vãs questões de ego ou de interesses comezinhos.  

Veja-se o caso da maior freguesia do concelho de Ponte de Lima, a vila de Arcozelo. O presidente da junta foi reeleito, mas, desta feita, sem maioria. A oposição quer trabalhar e, para o bem da freguesia e o bom funcionamento das instituições, propôs um executivo tripartido. Ao invés de aproveitar a oportunidade e de demonstrar estar à altura dos acontecimentos, o presidente eleito agiu como se mantivesse a maioria e não aceitou o repto. Resultado? Viu a sua proposta de executivo reprovada e, de forma intempestiva, sem dar justificações e sem adiantar quando esta retomaria, suspendeu a reunião. Quem perde com esta atitude imponderada é a freguesia e os seus fregueses. 

Esta até nem é uma situação inédita na freguesia de Arcozelo e até com a mesma distribuição de mandatos. Há mais de duas décadas, Manuel Soares, eleito sem maioria pelo PS, teve a grandeza democrática de constituir um executivo tripartido com Manuel Fernandes, eleito pelo PSD, e Manuel Moreira, eleito pelo PCP, ficando, ainda, o grupo independente com um eleito na assembleia. O mandato ficaria conhecido pelo “o dos três Maneis”. Nenhum deles ficou “ferido” politicamente e ainda hoje são lembrados por serem os mentores e dinamizadores da elevação a vila de Arcozelo. A diferença de ontem para hoje são os protagonistas, No passado, souberam estar à altura das circunstâncias, e os de hoje, estarão? Já agora, em Maio deste ano, quando Manuel Soares faleceu, a Junta de Freguesia, liderada pelo actual presidente reeleito, publicou um comunicado onde afirmava que este era “um exemplo e uma inspiração para todos”, será uma boa altura para o ter como exemplo e inspiração.


Elevador social


Recentemente, numa tomada de posse de um executivo municipal, discretamente uma senhora assistia visivelmente comovida. Sentia-se o orgulho nos seus olhos. O seu filho tomava posse como presidente da câmara onde ela há muitos anos exercia funções de limpeza. Ao contrário do que por vezes ouvimos vociferar por aí, a democracia não falhou.