domingo, novembro 16, 2025

Alto Minho, artigo de 13-11-2025

Olhar para o estado da arte

A Associação de Futebol de Viana do Castelo anunciou um projecto inovador para a região, um investimento que dará origem à Academia de Futebol da Associação de Futebol de Viana do Castelo. 

Há, no entanto, algo que a Associação não pode descurar, o estado dos campos de jogos onde alguns clubes trabalham. Veja-se o caso concreto do Areosense, no concelho de Viana do Castelo, a meia dúzia de quilómetros da futura Academia. Apesar dos esforços e do trabalho que realiza na formação, o clube joga num antiquado “pelado”. Não há outro campo na formação, nos campeonatos de formação do distrito, em situação idêntica. A Associação deveria, se ainda não o fez, exercer a sua influência junto do poder político para melhorar as condições de trabalho deste clube. Estão em causa, principalmente, crianças e jovens que vestem aquela camisola, mas não só, estão também os atletas dos clubes visitantes, muitos vindos de outra ponta do distrito, que, num campo com condições tão precárias, não conseguem pôr em prática o que aprendem. Mas não se pense que, lá pelos outros clubes terem relvados sintéticos, todo o trabalho está feito. A Associação de Futebol tem vindo, e bem, a promover várias acções de formação em diversas áreas, mas será necessário promover uma formação especifica na área da manutenção dos campos. Muitos, por exemplo, nunca foram escovados, e a rega é mínima ou nem é feita. É preciso ter noção que a falta de manutenção aumenta a probabilidade de ocorrências de graves lesões para os atletas. 

É de louvar o esforço da Associação de Futebol de Viana em olhar para o futuro, mas tem, também, a obrigação, que não é de menor importância, em olhar para o estado da arte. É necessário lutar para ter condições e para ter os meios para que essas condições perdurem. Pela dinâmica que o novo presidente já demonstrou, certamente estará disponível para ser parceiro dos clubes nessa luta. 


Odores


Quem cresceu numa carpintaria conhece bem o odor que emana da madeira. Sabe como este penetra no nariz à medida que a plaina exerce a sua função nas pranchas. É um cheiro que retenho da minha infância, os pipos a erguerem-se, os moveis a formarem-se, o barco a ser construído, o serrim e as raspas a acumularem-se no chão. 

Os cheiros da nossa infância acompanham-nos pela vida. Sem contar, numa esquina, algures no mundo, somos surpreendidos com um odor familiar. Procuramos, por vezes discretamente, e lá encontramos uma pequena oficina de restauro, ou uma pequena carpintaria perdida nas ruas, hoje pouco habitadas, de uma qualquer cidade ou vila. 

Por Ponte de Lima, na vila de Arcozelo, no bairro da Além da Ponte, em Trás-os-palheiros, no início da rua que leva a Faldejães, encontra-se esse odor a madeira. É a oficina “Restauro à Sexta” do Sr. Martins “Sexta” que o emana. É o último dos artesãos da madeira da nossa “aldeia” e o mais “internacional” dos seus habitantes, todos os dias tira fotografias com peregrinos do Caminho de Santiago, assinalando a sua passagem.