domingo, dezembro 25, 2022

Alto Minho, artigo de 21-12-2022


 Por favor não politizem

Imaginem alguém que, durante 50 anos, com o seu trabalho consegue marcar gerações de concidadãos. Ainda o manto escuro da ditadura pesava sobre os portugueses, já ele dinamizava grupos de jovens que despertava para a cultura, para as artes, para a participação na comunidade. Durante cinco décadas, essa alegria de vida não esmoreceu, antes aumentou e marcou gerações de jovens. Imaginem que essa mesma pessoa, com o andar dos anos, era chamada a várias responsabilidades em instituições marcantes do concelho, como a Santa Casa da Misericórdia ou os Bombeiros Voluntários de Ponte de Lima. Dinamizadora de vários projectos sociais, marcava de forma profunda a comunidade, não só da freguesia da vila de Ponte de Lima, mas em todo o concelho limiano. 

Essas extraordinárias qualidades assentam no saudoso cidadão, limiano por adopção, José Gomes de Sousa, padre da Igreja Católica, elevado à dignidade de Monsenhor por decisão do Papa Bento XVI. O Padre Zé, como familiarmente era por todos conhecido, nas palavras do anterior presidente da Câmara, Vitor Mendes, foi “uma referência, um exemplo para todos nós, que servimos causas e Instituições” (revista Limiana, nº 49, Abril/Maio/Junho de 2017). Quando faleceu a 14 de Fevereiro deste ano, com 79 anos de idade, foram várias as manifestações de pesar, imensos os testemunhos de vidas marcadas em diferentes maneiras.

Na passada semana, fiquei triste e perplexo ao ler o que se tinha passado na última reunião da Câmara Municipal de Ponte de Lima. A gincana política que se montou a propósito da atribuição do seu nome a uma artéria na vila limiana é indigna. O Padre Zé, pelo legado que deixou no coração de milhares de limianos, pela sua sempre humilde e desprendida maneira como viveu, não merece a politização deste assunto.

É verdade que com o nome ou sem ele numa praça ou numa rua, o seu exemplo e memória Vive no coração de todos os que marcou. No entanto, a Câmara Municipal, que é quem decide a toponímia, sem arranjar argumentos estapafúrdios, deveria respeitar a intenção dos verdadeiros representantes dos fregueses da vila de Ponte de Lima, a sua Junta de Freguesia, que manifestaram a vontade de perpetuar o seu nome na toponímia limiana.


Não sei se sabem…


O concelho de Ponte de Lima tem a paradoxal realidade de ter uma vila mais antiga que o próprio país e outra entre as mais recentes. À vila de Ponte de Lima juntou-se a vila de Arcozelo, freguesia que, pelo decreto nº 222/IX de 9 de Dezembro de 2004, foi elevada à categoria de vila.

Daqui a 2 anos celebram-se duas décadas da elevação a vila. Fica o repto aos autarcas da vila de Arcozelo, não continuem a ignorar esta data. Formem uma comissão que programe as celebrações, aproveitem, por exemplo, para homenagear os intervenientes do já longínquo ano de 2004. 


Iluminações


Um pouco por todos os concelhos alto-minhotos, as Câmaras Municipais têm apostado nas iluminações natalícias. É certo que tudo apontava para a sua redução, mas a verdade é que, por tudo o que tem acontecido, as pessoas estavam ansiosas pelas decorações, pela luz. No fundo, estas transmitem o sentimento de felicidade tão presente no espirito natalício. 

Aproveito para desejar a todos os leitores que me vão acompanhando um Santo e Feliz Natal.