domingo, fevereiro 27, 2022

Alto Minho, artigo de 23-02-2022

 E disse-lhes: «Vinde atrás de mim, e farei de vós pescadores de homens»” - Mt 4:19


Foi isso que fez o Padre Monsenhor José Gomes de Sousa. A quantidade de testemunhos que se foram lendo nos últimos dias, vindos de pessoas de diferentes gerações, confirmam que o “nosso” Padre Zé foi um verdadeiro pescador de Homens. 

Doou a sua vida à missão de nos mostrar Deus. Deus que se encontra no nosso dia a dia, nas tarefas quotidianas. Gostava de futebol, ficaram na memória de tantos os jogos em que entrou, de passeios pela montanha e da sua família. Tinha sempre tempo para quem o procurava, não abdicando dos seus princípios, acolhia todos nas suas diferenças e dificuldades.

Lembro-me de, durante o Verão, encontrá-lo ao final do dia, principio da noite, a contemplar e a aproveitar o crepúsculo em cima da ponte velha com o som ambiente das andorinhas. “Os cristãos tem a obrigação de participar na vida da comunidade, também, na política”, “quem tem muitos afazeres encontra sempre tempo para mais um, quem não faz nada não tem tempo para nada”, ouvir-o dizer muitas vezes. 

O Padre Zé também deu muito à comunidade, na dita “sociedade civil”. Esteve presente na vida e actividade de muitas instituições, como na Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima, nos Bombeiros Voluntários, no Centro Paroquial de Ponte de Lima, no Instituto Limiano, conseguiu sempre mobilizar as forças vivas do concelho para se colocarem ao serviço dos outros. 

Durante os últimos 54 anos, a sua vida foi dedicada à comunidade que serviu com humildade, sem procurar protagonismo ou vantagens. Marcou e formou várias gerações de limianos. Será por isso de perfeita justiça a comunidade reconhecer esse serviço perpetuando, por exemplo, o seu nome numa artéria na vila de Ponte de Lima designando-a de rua Padre Zé (Monsenhor José Gomes de Sousa). Seria uma pequena homenagem ao serviço por ele prestado.

A sua vida foi de amor aos outros, pelo que não terá sido coincidência Deus tê-lo acolhido nos braços no dia do amor. 


Post scriptum


S. Josemaria Escrivá de Balaguer, escreveu nos anos 50, sobre os sacerdotes 


Deus Nosso Senhor conhece bem a minha debilidade e a vossa; todos nós somos homens correntes, mas Jesus Cristo quis converter-nos num canal, que faça chegar a muitas almas as águas da Sua Misericórdia e do Seu Amor” 


Receberam o Sacramento da Ordem para ser, nada mais, nada menos, do que sacerdotes-sacerdotes, sacerdotes a cem por cento


O “nosso” Padre Zé foi canal da Misericórdia e Amor de Deus, porque foi um “sacerdote-sacerdote”. Obrigado.