domingo, fevereiro 18, 2024

Alto Minho, artigo de 15-02-2024

 Fica o desafio

Daqui a dois meses cumpre-se um ano que faleceu Francisco Maia de Abreu de Lima. Presidente da Câmara, vereador e membro da Assembleia Municipal de Ponte de Lima, ficará para sempre lembrado como o autarca que, contra vários “velhos do Restelo”, tomou a decisão de encerrar a ponte “velha”, a ponte romano-gótica, ao transito rodoviário tornando-na apenas pedonal. Uma decisão que lhe valeria a derrota nas eleições seguintes. Foi também com ele que se concretizou a geminação entre Ponte de Lima e as localidades francesas de Chalette-Sur-Loing e Vandoeuvre-Les-Nancy, onde vive uma vasta comunidade de limianos. Profissionalmente, exerceu vários cargos ligados à previdência e acção social, ficou, também, conhecido como o principal impulsionador para que se viesse a erigir uma estátua da Rainha Dona Teresa, que outorgou o primeiro foral à vila de Ponte.   

Francisco Abreu Lima é unanimemente reconhecido como alguém que, de forma honrada e com total disponibilidade, consagrou a vida ao Serviço Público, conseguindo reunir consensos por onde quer que passasse. É por isso que deixo o desafio aos autarcas de hoje, para que, quando passa um ano do seu falecimento, homenageiem a sua vida atribuindo o seu nome, por exemplo, ao Caminho do Antepaço de Cima na vila de Arcozelo, a rua da sua casa. 


Que triste notícia




Faleceu Manuel da Silva Fernandes, um homem que fica para sempre ligado a várias causas. Autarca na freguesia de Arcozelo, foi e fez de tudo nesta freguesia. Membro da Assembleia de freguesia, membro da Junta de freguesia e Presidente da junta, esteve, faz este ano 20 anos, na génese da elevação a vila desta freguesia. Impulsionou também a geminação entre a vila de Arcozelo e a localidade francesa de Les Martres de Veyre. Esteve ligado a várias associações sociais e desportivas.

Mas o Manuel Fernandes foi ainda uma comunicador. Fez rádio durante décadas. Foi a voz da Radio Ondas do Lima em muitas reportagens e programas, e destacou-se com a sua crónica semanal no programa “Manhãs de Sábado”, que era ouvida com respeito por todos os intervenientes políticos do concelho. Da mesma forma, no início deste século, a sua coluna “Ao correr da pena”, neste jornal, era lida com atenção e curiosidade. Quer na rádio quer nos jornais, a sua intervenção foi sempre de grande importância ao alertar para muitos problemas que assolavam a nossa terra. Na segunda década deste século, escreveu o livro "Lauruja ou Labruja" - A mesma terra -“ um livro sobre a história da freguesia da Labruja.

Nos últimos anos, esteve ligado à causa dos antigos combatentes sendo um dos promotores da homenagem aos Limianos mortos na Guerra Colonial e na I Grande Guerra, que viria a dar origem ao Dia do Combatente Limiano. Foi ainda um dos fundadores do Núcleo de Ponte de Lima da Liga dos Combatentes. Escreveu um livro sobre a sua experiência na Guerra do Ultramar ,”Os Caminhos de "Gadamael Porto"" que é, também, uma homenagem aos jovens que, durante os anos 60 e 70, deram parte da sua vida, alguns a totalidade, na guerra do ultramar. 

Manuel Fernandes ficará para sempre como alguém que nunca virou as costas a uma luta pelas suas convicções e causas.


É preciso ler os clássicos


São eles que nos fazem pensar, e esta é uma época que torna ainda mais necessária essa leitura. O Grande padre António Vieira, que nasceu em 6 de fevereiro de 1608, sempre soube, como escreveu nos seus sermões, “como o mundo e sua glória é uma farsa de comédia, que passa; um entremez, que se acaba com o riso; uma sombra, que desaparece; um vapor, que se desfaz;  uma flor, que se murchou; um sonho, que não tem verdade”.