domingo, março 10, 2024

Alto Minho, artigo de 07-03-2024

Mais um dia de campanha

As campanhas são feitas “como de costume”: passeios pelas feiras, arruadas, bombos e concertinas, jantares. Significará isso mobilização popular? 

Durante os mandatos, os partidos vivem separados dos eleitores, não os ouvem, não promovem a sua participação e até olham de soslaio se algum os tenta chamar à razão. Quando chegam as campanhas eleitorais, já é tarde, os eleitores vivem vidas onde os partidos ou “movimentos” estão completamente ausentes, sem nada que os cative ou atraia para a participação. 

Há, no entanto, a necessidade dos partidos passarem uma “ideia” de “alegria”, de mobilização. Para isso agarram-se ao que conhecem, criando verdadeiras encenações a que o “povo” parece aderir. Reparem nas fotografias das campanhas dos diversos partidos, vejam como os sorrisos que por lá encontram são sempre os mesmos, seja a “feirar”, no jantar ou na falsa “arruada” a seguir os bombos e concertinas. Como o que se vê nas campanhas é uma realidade paralela, o resultado é o constante aumento da abstenção e dos votos nulos. Enquanto não se voltar a falar para as pessoas, sobre os problemas delas, enquanto não as envolverem nos processos de decisão, o resultado será sempre o do alheamento e desprezo. E quando assim é, o desfecho não é difícil de prever, a história dá-nos, infelizmente, muitos exemplos.         


Mais um clube nas competições nacionais


Sabia, caro leitor, que na próxima época poderemos ter mais uma equipa do distrito na I Divisão Nacional de Basquetebol? A tentar juntar-se ao Clube de Basquete de Viana, naquela que é a “Liga III” do basquetebol, o Basket Clube de Coura está neste momento a competir, na 2ª fase do Campeonato Nacional de Seniores de Basquetebol da II Divisão, pelo primeiro lugar e apuramento directo àquela liga. 

Torcemos para que, na próxima época, o Clube de Basquete de Viana consiga a promoção, que este ano parece lhe ter escapado, à Proliga (o equivalente à Liga II, no futebol), o Basket Clube de Coura  consolide a sua posição na I Divisão Nacional de Basquetebol e os CB Limiense e CB Valença consigam a subida à I Divisão Nacional de Basquetebol. 

Em tempo de campanha eleitoral, é bom lembrar aos políticos de que, apesar de tudo, no Alto Minho, também há quem faça milagres no desporto e que precisa de apoios para continuar a lutar para colocar a nossa região em patamares superiores no desporto.


Por falar em basquetebol



 

Ao escrever sobre basquetebol, sou logo remetido para o início dos anos 90. Nessa altura, falar de basquetebol em Ponte de Lima era o mesmo que falar da Escola Desportiva Limiana. Defendi as cores da EDL nessa modalidade. Recordo os meus companheiros, não podendo deixar de realçar o saudoso Márcio Patrício, que com o irmão Pedro Lima formava uma dupla de postes imbatível.

Passamos muitas horas no Pavilhão Municipal de Ponte de Lima a treinar com os nossos treinadores, um deles o professor Jorge Silva, para os jogos, se a memória não me falha, do campeonato distrital do Porto. Mas, para além desses treinos e jogos, do que me lembro com mais saudade é dos jogos de rua, aqueles que fazíamos entre o grupo da Feitosa e o de Arcozelo. A capacidade que tínhamos em construir tabelas com tábuas e transformar velhas latas de tinta em aros dos cestos! A minha casa e a rua junto à casa do Márcio, do Pedro e do Ruka Pereira transformavam-se nos nossos "L.A. Forum", então casa do LA Lakers, ou no United Center, casa dos Chicago Bulls. Foram jogos épicos, com muitos “afundanços” e luta corpo a corpo, num piso que transformava cada drible num desafio ao controlo de bola. O maior gozo era tentar replicar jogadas que víamos no programa de televisão “NBA it`s fantastic” e que, por vezes, para desespero dos treinadores, levávamos para os treinos e jogos oficiais. 

Hoje, em Ponte de Lima, existem vários espaços onde a pratica do basquetebol de rua seria possível, mas que, lamentavelmente, estão ao abandono. Felizmente, os tempos são outros, e não é necessário aproveitar desperdícios da construção para jogar, bastava aos nossos representantes investir meia dúzia de euros para dar nova vida àqueles espaços, permitindo criar memórias para a vida.