domingo, março 17, 2024

Alto Minho, artigo de 14-03-2024

Ressurreição

Estas eleições foram uma páscoa política para Eduardo Teixeira. Eleito deputado, não venceu no concelho de Valença por 33 votos. O Chega, tal como no país, passou a terceira força política do distrito, em alguns casos ficou a poucos votos do segundo partido mais votado, e em nenhum dos concelhos teve menos de 15% dos votos. As eleições autárquicas estão aí, sendo que, como escrevi no início de Fevereiro, Eduardo Teixeira “é conhecido pela sua persistência, por não saber parar ou recuar”, prevê-se que, com este empurrão, o Chega entre também na luta autárquica com capacidade para eleger em vários concelhos. 

Depois de perder a influência interna no PSD, que o deixava de fora das próximas eleições, Teixeira, com o Chega, volta a recuperar o protagonismo político que tanto procura.


A escolha dos candidatos importa


O PSD pode ter perdido a hipótese de eleger o terceiro deputado em Valença. Nesse concelho venceu a AD pelos já referidos 33 votos, mas, com a excepção de Paredes de Coura e de Vila Nova de Cerveira, onde perdeu, foi o concelho do distrito onde a AD teve a menor percentagem de votos e onde recuperou, face às eleições de 2022, menos votos. Uma má formação de listas pode resultar em perdas com consequências nacionais. 


Ironia


O PS passou estes últimos anos a “encostar” o PSD ao Chega, numa posição que lhe valeu o resultado em 2022. Ironicamente, com tanto “insuflar” do Chega, muitos dos deputados que este ganha são transferência direta dos deputados que o PS perde.

Há um facto que se deve realçar no resultado deste partido político, a sua capacidade de atração eleitoral perpassa todo o território. Esta é um factor que o faz diferente, mesmo comparativamente com outros partidos como o Bloco, a IL, o PAN ou o Livre, que são partidos com expressão muito limitada aos centros urbanos, nomeadamente de Lisboa e Porto.


Final


É dos últimos partidos comunistas da Europa Ocidental da velha guarda. Ainda presente com alguma força e capacidade de influência, desde o governo da geringonça a CDU (PCP - PEV) vem perdendo a sua capacidade eleitoral, sendo que em distritos do Alentejo os eleitores que votavam nesta coligação passaram a votar no Chega. 

Nestas eleições, o PCP e a sua CDU passou a ter uma representação minimalista. Será que estaremos perto do seu fim? No nosso distrito, por exemplo, no concelho de Ponte de Lima, até o ADN contou com mais votos que a CDU.


Palavra-chave


Esperemos que a palavra-chave a sair destas eleições seja “compromisso”. Com um governo minoritário, haverá capacidade para os lideres e eleitos dos partidos encontrarem pontes e abandonarem a política de “bolhas”? A construção de pontes não é apenas uma obrigação do governo, mas também dos que devem ser uma oposição responsável. 


Novos tempos


Sim, caro leitor, no domingo passado, entrámos numa nova era. Olhem bem para Espanha, França e Itália, que passam ou já passaram por esta mudança. Que caminho seguiremos?