domingo, março 03, 2024

Alto Minho, artigo de 29-02-2024

É difícil perceber

Existem inúmeros estudos publicados na área da pedagogia sobre o comportamento em treino desportivo com crianças. São vários os testemunhos de eminentes treinadores e antigos jogadores que defendem que a formação no futebol, nas camadas dos sub13 para baixo, deve ser um processo e contribuir para a formação harmoniosa das crianças. Uma formação em que as vertentes física, intelectual, emocional e social têm de ter o mesmo peso. Uma formação que deve proporcionar oportunidades de participação. 

Infelizmente, a mentalidade do “vencer, vencer, vencer”, trouxe para os jogos infantis comportamentos onde o fair-play fica de fora. A matreirice/batota, agressões e comportamentos violentos, a falta de respeito pelos adversários e árbitros são uma prática ainda comum em alguns campos de futebol. 

Mas é preciso perceber que as crianças não podem ser vistas como adultos em miniatura, com o dever de replicar os seus maus comportamentos e frustrações. Felizmente, há quem reme contra essa maré, existem clubes onde a formação das crianças começa na formação dos seus treinadores. A Associação de Futebol de Viana do Castelo, e bem, decidiu que as competições até aos sub13 não teriam classificação nem, consequentemente, haveria vencedores de “campeonatos”. As crianças passaram a ter jogos onde podem pôr em prática o que aprendem nos treinos, sem medo de experimentar e sem a pressão dos resultados, mantendo, no entanto, o seu natural instinto competitivo. 

Com o descrito, foi com estupefação que li, neste jornal, um treinador de crianças sub11 afirmar orgulhosamente que “aqui não há jogos por jogar. Nós temos de ter um objectivo e o objectivo é ganhar todos os jogos”, só “jogamos para ganhar, ganhar, ganhar”. Mais que ganhar, “o” objectivo não deveria ser a formação das crianças nas vertentes acima referidas? Li algures que “quando ganhar é tudo, fazemos tudo para ganhar” e, quando assim é, os vencedores passam a vencidos. 


Alteração de forças


Na primeira página do semanário “Alto Minho” da passada semana podíamos ler na manchete a pergunta, relativamente às candidaturas do PSD e PS, “quem vai perder os três (deputados)?”. Na verdade, neste momento, talvez a resposta seja “os dois”. A candidatura do CHEGA parece disputar um dos 5 lugares de deputado pelo nosso distrito, falta saber é se esse ímpeto sobrevive ao escrutínio da campanha eleitoral.


Fim da pré-campanha, inicio da campanha eleitoral


O PS governa há 8 anos, o distrito perdeu população, os jovens preferem outras paragens mais atrativas, aliás, fruto disso, perdemos um dos deputados eleitos pelo nosso distrito. Não há maneira do distrito ter uma rede inter-modal de transportes públicos. O rendimento “per capita” continua a ser, ano após ano, um dos mais baixos do país. Apesar disso, a candidatura do PS afirma que a nossa região tem sido alvo de vários investimentos que a tem tornado atrativa, sublinhando que é preciso apostar no PS para continuar o investimento feito na região. Ora, se o resultado do investimento é o descrito, porque é que devemos continuar a apostar no que não tem dado resultado? Talvez a campanha eleitoral possa permitir ao PS acertar a sua comunicação, deixando de persistir no mundo paralelo, em que vive, e passando a falar do mundo real, onde os alto minhotos vivem. 

Na AD, a candidata do CDS, a limiana Joana Mendes, andou desaparecida nos vários eventos de pré-campanha. Será que se apercebeu que, apesar de estar no quarto lugar, a possibilidade de ser eleita é equivalente ao do último dos suplentes da lista? Agora que começa a campanha eleitoral será interessante acompanhar o envolvimento, empenho e motivação dos candidatos, líderes e estruturas locais dos partidos que constituem a AD.