Polémicas com resíduos
Todos temos assistido à novela, ou polémica, com a recolha de resíduos na cidade de Lisboa. Algumas notícias empurram responsabilidades para o executivo municipal de Carlos Moedas, já outras alertam para a responsabilidade das Juntas de Freguesia na recolha do lixo, outras ainda para a irresponsabilidade da convocação da greve e para os verdadeiros interesses que estarão por detrás desta. A verdade é que, em algumas freguesias, a paralisação dos serviços faz-se sentir mais do que noutras. Faz-se sentir para os cidadãos que percorrem as ruas da nossa capital, para nós, que vivemos na “província”, esse é um dos vários assuntos que ocupam as “nossas” televisões, mas que em nada nos diz respeito. A bem dizer, até diz. Se observarmos bem, é possível verificar que muito do que por lá se passa também por aqui se encontra.
Todos sabem das dificuldades na recolha dos resíduos, mas poucos fazem um esforço para acautelar o acumular do mesmo. Mesmo neste concelho mais antigo que Portugal, se encontram casos como esse. Nas últimas semanas, várias papeleiras na zona histórica não foram objecto de limpeza, acumulando o lixo, em alguns casos, até esbordar. Não satisfeitos, alguns nossos concidadãos, alguns dos que gostam de nos visitar nestas épocas festivas, ainda juntaram sacos de lixo, nas papeleiras, caros leitores, não nos contentores de lixo que, basicamente, só não foram limpos em dois dias, com aviso prévio e sem grandes constrangimentos.
A falta de sensatez é realmente algo que aflige esta sociedade que, embora com meios de comunicação ímpares e sem precedentes, se fecha cada vez mais no umbigo de cada um.
Sentimento de insegurança
Alguns querem impor-nos um estado de permanente insegurança. Alguns jornais e páginas de notícias online “vivem” da divulgação e partilhas de notícias de assassinatos, desavenças, assaltos e roubos. Cria-se um ambiente em que as sensações se sobrepõem à realidade, permitindo aos “abutres” ocupar o espaço público com laudes às necessidades securitárias e restritivas, normalmente associadas à promoção da repugnância do desconhecido.
No início da segunda década, um jovem de 22 anos, morador na freguesia de Rendufe, concelho de Ponte de Lima, foi assassinado por uma desavença passional. No ano seguinte, em Rebordões de Souto, um marido assassinou a sua mulher. Passado um ano, na Além da Ponte, na estrada do Arquinho, apareceu um corpo do qual se veio a saber ser de um homem assassinado, aparentemente por desrespeitar uma mulher casada. O leitor não se lembra destas notícias? É normal, não passaram nos jornais sensacionalistas, até porque ocorreram no início do século, mas do século passado. A criminalidade sempre existiu, com maior ou menor visibilidade, não podemos é cair nos cantos de sereia dos que querem cavalgar sentimentos e desgraças alheias para benefício eleitoral.
Já agora, os exemplos dados podem ser encontrados no portal de pesquisa do Arquivo Distrital de Viana do Castelo em https://digitarq.advct.arquivos.pt/details?id=1058174