Celebração digna!
O Município de Ponte de Lima está de parabéns pelas actividades comemorativas do Dia de Ponte de Lima e dos 900 anos da outorga do foral de Dona Teresa. Não só pelas que ocorreram no dia 4 de Março, como também pelas que se foram sucedendo durante o último ano e as que iremos vivenciar até Março de 2026.
Não posso deixar de realçar que o slogan que referi na passada crónica deixou de ser usado, pelo menos nas alocuções na sessão oficial, pelos nossos representantes autárquicos. Aparentemente deixaram morrer um slogan historicamente errado, parabéns pela coragem!
Infelizmente, ainda nem todos a tiveram, Nas suas redes sociais, o movimento PLMT insiste no “a vila mais antiga de Portugal”. Ponte de Lima, como escrevi anteriormente, não necessita de permanecer ancorada a uma mentira para se promover e se afirmar.
E daqui a 100 anos?
Aguiar Branco, na Sessão Solene de dia 4 de Março, afirmou que devemos “encontrar na história os fundamentos para enfrentar os desafios do futuro”. Quando se comemorarem os 1000 anos do foral de Dona Teresa, que discursos terão os nossos netos e bisnetos? Será que ficarão presos a resenhas históricas ou dirão algo como “conseguimos fazer jus ao desafio que Dona Teresa nos fez quando nos outorgou um foral. Mil anos depois, somos uma referência de sustentabilidade, de preservação do património natural e edificado, de urbanismo e de inclusão, de produção tecnológica e de saber. Tal como no passado, também agora, atraímos os melhores para a nossa comunidade”? Sim, o passado é importante, mas não devemos viver apenas de glorias passadas. Precisamos de conceber um plano para o que queremos ser no futuro, e trabalhar para lá chegar.
Afinal?
Com a possibilidade de reprovação, pela oposição, da moção de confiança apresentada pelo governo (quando escrevo ainda se desconhece o desfecho) e com a ida do país novamente para eleições legislativas, o tema “autárquicas” volta a ser ensombrado, relegado para segundo plano. Não posso deixar de realçar, no entanto, as recentes notícias que dão conta de que a concelhia do PSD de Viana do Castelo aprovou o nome para encabeçar a sua lista candidata à Câmara Municipal. A escolha recaiu em Paulo Morais, nascido em Viana do Castelo, em 1963, docente universitário, com um MBA em Comércio Internacional e doutoramento em Engenharia e Gestão Industrial pela Universidade do Porto. Militante do PSD até 2013, fez parte do primeiro executivo municipal de Rui Rio, no Porto, tendo sido, ainda, candidato às presidenciais de 2016, obtendo 2,16% da votação, correspondendo a 100.008 votos. Já agora, porque normalmente não consta nas suas biografias, Paulo Morais, nas eleições autárquicas de 2009, foi cabeça de lista do PSD à Assembleia Municipal de Ponte de Lima. A sua passagem como membro da Assembleia Municipal de Ponte de Lima foi tão marcante como um navio que atravessa o oceano.
Há, no entanto, alguma estupefação pela escolha do partido e por Paulo Morais ter aceitado. Na última década, Morais embarcou numa narrativa anti partidos, em que todos parecem ser corruptos ou potenciais corruptos ou corruptores. Com artigos, só referenciando alguns dos assuntos recentemente abordados, com títulos como “partidocracia fatal”, “tráfico de solos”, onde classificou a lei dos solos do actual governo como “ignóbil trafulhice”, considerou, ainda, o Orçamento de Estado de 2025 inconstitucional.
A escolha está feita, faltará a homologação nacional, falta saber, agora, se conseguirá capitalizar o descontentamento e a vontade de mudança, que são cada vez maiores, ou se, pelo contrário, a sua candidatura resultará no efeito contrário.