domingo, julho 27, 2025

Alto Minho, artigo de 24-07-2025

Porque não?

Há um movimento pendular diário enorme entre a freguesia de Darque e a cidade de Viana do Castelo. Sem alternativa, quem reside em Darque ou desespera na travessia da ponte em automóvel ou sujeita-se aos custos e à imposição de horários dos cada vez mais diminutos transportes públicos. É verdade que podem sempre partir à aventura e atravessar a ponte a pé, mas, com apenas um passeio onde não cruzam duas pessoas sem que alguma delas desça à via automóvel, será uma escolha arriscada.

É tempo de pensar na construção de uma ponte pedonal, ciclável, entre Darque e a zona ribeirinha da cidade. Esta decisão iria revolucionar a mobilidade urbana, tirar pressão à centenária ponte Eiffel, promover o uso de transporte alternativo como a bicicleta e, claro, melhorar, e muito, a qualidade de vida de tantos.


Mudança de mentalidades


Já tinha escrito sobre esta mudança de paradigma no concelho limiano, as mulheres, finalmente, assumem um papel de destaque nas eleições autárquicas.

Depois do movimento “Ponte de Lima Minha Terra”, eis que o Partido Comunista Português surpreende, apresentando também duas mulheres na liderança das listas aos órgãos municipais. Sandra Fernandes encabeça a lista à Câmara Municipal e Patrícia Moreira a lista à Assembleia Municipal. Se no movimento apenas a candidata à Câmara Municipal, Zita Fernandes, tem conhecida experiência política, as candidatas do PCP são sobejamente reconhecidas pela sua participação enquanto eleitas em órgãos autárquicos e em movimentos associativos/cívicos. 

No contacto que tive com elas, enquanto eleito, sempre consegui fazer pontes por forma a trazer avanços na “res publica” local. Apesar de origem ideológica bem diferente, nunca obtive delas respostas preconceituosas, ao contrário de outros seus camaradas.

Numa altura que se ultimam as listas, é bom que as mulheres tomem um lugar que, mais do que por imposição legal, é delas por direito próprio. 

 

Mudanças


Talvez quem viva no centro histórico tenha uma maior percepção das casas  que de um momento para o outro se esvaziam de vida. A casa à frente da nossa deixa de ter vida, porque a senhora de idade que aí vivia já não tem condições físicas e mentais para viver sozinha e foi encaminhada para uma instituição. A casa seguinte de um dia para o outro deixa de abrir as portadas, as flores, antes tratadas com esmero, começam a secar, é, então, que se sabe que a sua moradora foi, entretanto, internada. A solidão, associada à idade muito avançada, prolifera nos centros históricos da nossa região. 

A contradizer esta realidade aparecem as famílias de imigrantes, normalmente oriundos da América Latina, como Brasil, Colombia, Venezuela, que trazem o riso e a curiosidade das crianças, e novas vidas para as casas dos centros históricos. É um ciclo que se fecha, mas, mais importante, é outro que se abre e renova os centros das nossas vilas e cidades.