domingo, abril 14, 2024

Alto Minho, artigo de 11-04-2024

É urgente

Aqui há umas semanas escrevi sobre as obras e as consequentes mudanças de sentido do trânsito na vila de Ponte de Lima. Para os utilizadores diários já não era novidade, mas, com as referidas alterações e o aumento da pressão, passou a ser perceptível por todos a urgência em alargar a rua Conde de Aurora, entre a rua Agostinho José Taveira e o acesso ao cemitério da vila, bem como a construção de uma pequena rotunda no cruzamento entre as referidas ruas. 

A rua Conde de Aurora passou a ser uma das mais movimentadas da sede do concelho limiano. Devido à proliferação da construção, ao acesso às escolas, a uma grande superfície comercial e a uma cadeia de “fast food”, assumiu um papel central na distribuição do trânsito urbano vindo das freguesias da Correlhã e da vila de Arcozelo, que assim evitam a entrada no centro histórico. As infraestruturas urbanas devem acompanhar a evolução e pressão da construção urbanística, e aquela rua, naquele troço, ainda terá praticamente a mesma configuração do tempo em que ali apenas se iniciava o acesso ao cemitério municipal.


“Limianos, olé!”

Foto: Associação Desportiva "Os Limianos"


No ano passado, o clube mais representativo do concelho de Ponte de Lima subiu ao Campeonato Nacional. O objetivo da época, assumido pelo presidente da Associação Desportiva “Os Limianos”, era a da manutenção. Para alcançar esse objectivo, mudaram a equipa técnica, que muitos aproveitaram para polemizar, e renovaram a equipa. 

Se o arranque da época foi pausado, à medida que esta ia decorrendo, com passos decisivos e boas contratações, “Os Limianos” foram-se aproximando dos lugares cimeiros, conseguindo, bem antes do termino da época, a desejada manutenção. 

Chegados à última jornada, a equipa de Ponte de Lima liderava a tabela da série A, a série considerada por muitos como a mais competitiva do Campeonato de Portugal. Em Ribeirão, no último jogo da época regular, um jogo difícil, a equipa de Ponte de Lima, com um empate, garantiu a vitória do grupo, apurando-se para a fase de subida à Liga 3. 

O presidente da câmara, e bem, é da opinião de que o clube mais representativo do concelho deve militar nas ligas nacionais. Poderá, agora, estar à beira de um desafio ainda maior do que esperaria, mas que deverá mobilizar todos, a possibilidade de já na próxima época “Os Limianos” subirem a um patamar muito mais exigente em termos de necessidades estruturais.      


30 anos


Completaram-se na passada sexta-feira 30 anos que morreu um dos ícones musicais da minha geração, Kurt Cobain. Alguns comparam a sua influência com a do John Lennon na geração dos nossos pais. Talvez assim seja. A verdade é que há, realmente, um antes e um depois do aparecimento dos Nirvana, e a morte do seu vocalista, tal como a dos Beatles, foi um momento disruptivo.

As camisas de flanela, as sapatilhas de pano ou as botas gastas, eram a “farda” dos jovens de então. Quem da minha idade, que naqueles anos frequentava a Escola Secundária de Ponte de Lima, não se lembra do concurso de bandas de garagem na “semana aberta”? Todos queríamos fazer parte, de um modo ou de outro, do movimento “grunge” vindo de Seattle, no longínquo estado de  Washington, nos Estados Unidos da América.

Lembro-me de que ouvi e vi a notícia da morte de Cobain na velha televisão da sala de convívio da secundária. Não havia Internet nem as notícias estavam à distância de um clique, a incredulidade abateu-se e um silêncio estranho, contrário ao habitual zunido, apoderou-se daquele espaço. 

Passaram 30 anos, as roupas mudaram, os gostos também, mas bastam os primeiros acordes de guitarra seguidos da bateria de “Smells Like Teen Spirit” para, como que num qualquer reflexo, nos fazer abanar a cabeça e viajar no tempo. 

“Our little group it's always been
And always will until the end”.

domingo, abril 07, 2024

Alto Minho, artigo de 04-04-2024

Ad nauseam

Bem sei que teremos várias eleições. Foram as legislativas, teremos as europeias, e teremos as presidenciais, em 2026, mas as eleições autárquicas estão também à porta, realizam-se já em 2025.

Na verdade, falta quase um ano para que as listas estejam formadas e entregues e se saiba quem, na nossa comunidade, quer assumir responsabilidades autárquicas. Normalmente, nesta altura já se verificam movimentações, os partidos e movimentos já se mobilizam. Mas neste momento não se pressente nada ou quase nada. Por Ponte de Lima, por exemplo, nem se sabe se os que lideram a oposição, o movimento Ponte de Lima Minha Terra, se apresentarão a eleições. Já nem escrevo sobre os partidos tradicionais, como o PSD e o PS. Se no caso do primeiro, ainda se observa a solitária actividade do vereador, o segundo nem se sabe se de facto ainda existe no concelho.


Não sei se é, mas que parece…


Na passada semana, todos nós assistimos a uma série de categoria B. Se fosse apenas numa qualquer plataforma digital, não seria mau, o problema é que tem consequências na nossa vida e passou-se na Assembleia da Republica.

José Pedro Aguiar Branco, deputado eleito pelo nosso circulo eleitoral, foi indicado pelo PSD como candidato a Presidente da Assembleia da Republica. O líder parlamentar do PSD contactou e informou o PS, o Chega e a IL que esse seria o seu candidato e que os sociais-democratas iriam votar favoravelmente os vice-presidentes que esses partidos apresentassem. O líder do Chega apressou-se logo a anunciar um “acordo” e o seu voto favorável. O argumentário estava instalado. 

No dia seguinte, o nome de Aguiar Branco foi chumbado várias vezes. Ao longo do dia, fomos vendo o Chega a bracejar e a rasgar vestes em acusações e chantagens sobre o PSD que se entregara ao PS. O PS depois de acusar o PSD de que afinal o seu “não é não” era um “não é não a não ser que…”, acusava a direita de confusão e instabilidade.   

Depois de quase dois dias de impasse, Aguiar Branco lá foi eleito e os vice-presidentes propostos pelos referidos partidos também. 

O que se retira disto tudo é que hoje é perceptível um novo “partido” a que alguém apelidou de Shegalista. Um “partido” que não tem qualquer consideração pelas instituições ou pelo país, que parece perceber que estas atitudes tem consequências gravíssimas para a saúde da nossa democracia, mas, como na velha fábula do escorpião e da rã, “está na sua natureza” fazer tudo para que o centro direita não consiga estabilidade para governar. Nem que para isso “morra” a democracia. 


Serviço militar obrigatório


De repente, foi reintroduzido na ordem do dia o tema do Serviço Militar Obrigatório (SMO). Os políticos, com a guerra a voltar à Europa, acordaram para as necessidades militares do velho continente. Voltam-se a ouvir os velhos chavões da defesa dos valores, da dádiva à sociedade, da cidadania como justificação para a reintrodução da obrigatoriedade do SMO.

Mas só será possível desenvolver e despertar o interesse pela defesa dos valores de cidadania, da dádiva à comunidade e da defesa nacional ressuscitando o SMO? Não será isso apenas uma desculpa para conseguir “mão de obra” para uma estrutura militar que tem neste momento uma pirâmide interna de recursos humanos invertida?

O que é necessário é valorizar e criar uma verdadeira carreira militar que possa levar os jovens a equacionar essa carreira como um percurso profissional de futuro, que abra portas à formação académica e profissional e não só militar. O que não é possível é manter um exército de graduados sem praças, ou com praças sem possibilidade de carreira ao longo da vida. 

segunda-feira, abril 01, 2024

Alto Minho, artigo de 28-03-2024

Semana Santa


Esta é uma das semanas mais importantes para os católicos. Uma semana de tristeza? Sim, de certo modo, no entanto é bom lembrar que a semana termina com a Ressurreição e que, sem esta, nada teria sentido.

Aproveitando a Semana Santa, este ano, o Município de Ponte de Lima fez uma aposta grande na divulgação do património e tradições limianas. Em estreita colaboração com a paróquia de Santa Maria dos Anjos, sede do concelho, as cerimonias litúrgicas fundem-se com várias actividades culturais. Destaco a abertura de várias igrejas e capelas por todo o centro histórico, algumas das quais só neste altura se poderão visitar, pelo que afigura uma oportunidade imperdível. 

É bom quando os responsáveis políticos têm a capacidade de envolver a comunidade na preservação e divulgação das nossas tradições, sejam elas populares ou religiosas. Um exemplo a replicar.


Informação


Tem sido um calvário para os que vivem, trabalham e estudam no centro de Ponte de Lima. Obras no coração do centro histórico, na rua General Norton de Matos e Agostinho José Taveira, bloquearam o acesso ao centro, obrigando a alterações na circulação que levaram à concentração do fluxo de transito em duas ou três ruas. 

Já se sabe que para se fazerem obras são necessários sacrifícios. É preciso criar condições para se poder trabalhar sem problemas e também para quem tem de circular no espaço a intervir. Ao contrário do que era costume, a obra no centro histórico foi anunciada com alguma antecipação, foram preparadas alternativas, mudados sentidos de circulação, tudo para minimizar os constrangimentos. Até foi dada uma data prevista para o término das obras. Tiveram mesmo o cuidado de, ao fim de semana e dias de feira, dentro de algumas limitações, permitir a circulação “normal”. 

Infelizmente, já o mesmo não se pode dizer sobre a intervenção, penso que a cargo das Infra-estruturas de Portugal, numa das vias de maior movimento em Ponte de Lima, a Dom Pedro I (entre a rotunda da Feitosa e a de Nossa Senhora da Guia). Apesar da entrada principal do centro histórico da vila de Ponte de Lima estar bloqueada pela obra descrita anteriormente, as Infra-estruturas de Portugal resolveram, mesmo assim, avançar com a, tão necessária e por eles adiada, construção de uma rotunda de acesso a duas grandes superfícies. Uma obra que significa o corte intermitente do trânsito e que bloqueia uma das alternativas à entrada no centro histórico. Custaria muito “falar” com o município e programar para outra data? 

A coordenação das intervenções, a escolha de datas e o ajuste a horas que impliquem menor constrangimento à normal circulação das populações, deveria ser uma preocupação dos responsáveis.  


Quem vai ser o primeiro?


Acabado o período de campanha, e conhecidos os novos representantes, quem vai ser o primeiro a propor a abolição do pórtico do Neiva na A 28? Este foi um assunto em que todos, durante a campanha, foram consensuais, pelo que já não há desculpas. Da mesma forma que não existem desculpas para a inércia em que caiu o processo de criação de uma rede de transportes públicos na região. Uma rede interna, inter-modal, que permita a interacção com territórios vizinhos. 

É preciso passar das palavras aos actos. Quem vai ser o primeiro a dar o passo para passarmos à acção?

domingo, março 24, 2024

Alto Minho, artigo de 21-03-2024

Indignações nas redes sociais

Há umas semanas a indignação instalou-se nas redes sociais. A Câmara Municipal de Ponte de Lima estava a abater as frondosas árvores que ladeavam a avenida de São João, bem junto ao rio Lima. As teorias, como sempre, eram muitas e sempre no sentido de uma conspiração. Alguns preferiram realçar a falta de sensibilidade pelo abate de várias árvores. 

Confesso que me distancio, cada vez mais, das redes sociais. Da troca de ideias passou-se para a troca de acusações e, por incrível que pareça, o que tem maior visibilidade já não é a boa opinião ou a informação, mas a polémica e a falta de bom senso. Estas parecem ser as condicionantes que “despertam” o algoritmo que gere as redes. 

Mas voltemos ao assunto do abate das árvores. Será que alguém tentou perceber o motivo que levou a que responsáveis políticos, sempre tão zelosos em não perder as boas graças da opinião pública, assumissem o ónus de abater dezenas de árvores? Claro que não, é mais fácil criticar do que procurar saber o que estará por detrás de uma decisão considerada “politicamente incorreta”. A propósito da necessidade da substituição das árvores paralelas à avenida de São João, em Ponte de Lima, escrevi neste espaço, em 24 de Maio do ano passado, que “A decisão não é fácil, mas o que não se pode fazer é olhar para o lado como se nada se passasse e condenar os nossos concidadãos a terríveis momentos de muito má qualidade de vida.”. E porquê? Porque sempre que chegava a Primavera era notório o mal-estar e as queixas de centenas de pessoas que vivem ou trabalham em Ponte de Lima relativamente às nuvens de “algodão” que aquelas árvores espalhavam pelo centro histórico e que provocavam algum incómodo ou até problemas de saúde. 

Sim, as árvores foram, e bem, abatidas, aliás, nunca deveriam ter sido lá plantadas. Foram posterior e rapidamente substituídas por exemplares já bem desenvolvidos de outra espécie. Cabe aos gestores do espaço publico saber decidir que espécies arbóreas plantar em consonância com o bem-estar daqueles que usam e vivem naqueles espaços.

Neste caso, o Município de Ponte de Lima só pecou por não ter, desde logo, informado devidamente os munícipes. De resto, é para isso que elegemos representantes, para que decidam em prol da comunidade que servem. 


Obrigado!




Há duas semanas escrevi sobre uma experiência muito pessoal com o basquetebol no inicio dos anos 90, em Ponte de Lima. As conversas que advieram desse texto fizeram-me lembrar de uma pessoa que, embora não estivesse na parte visível, foi, e não apenas  para o basquetebol, fundamental para o desporto limiano durante as décadas de 80 e 90. 

José Barros, conhecido por Zé Pepe, foi um dos pilares que, discretamente, esteve sempre presente no desporto limiano. Desde as carrinhas, que emprestava para as deslocações das equipas, aos equipamentos. As designações “Pepe Pronto a Vestir” ou “Criações Tininha” estiveram em muitos fatos de treino e equipamentos de várias equipas e modalidades, a sua presença foi fundamental para o desenvolvimento desportivo de centenas de jovens atletas limianos. José Barros é um dos últimos exemplos da velha extirpe de comerciantes locais envolvidos profundamente no associativismo da sua comunidade.  

domingo, março 17, 2024

Alto Minho, artigo de 14-03-2024

Ressurreição

Estas eleições foram uma páscoa política para Eduardo Teixeira. Eleito deputado, não venceu no concelho de Valença por 33 votos. O Chega, tal como no país, passou a terceira força política do distrito, em alguns casos ficou a poucos votos do segundo partido mais votado, e em nenhum dos concelhos teve menos de 15% dos votos. As eleições autárquicas estão aí, sendo que, como escrevi no início de Fevereiro, Eduardo Teixeira “é conhecido pela sua persistência, por não saber parar ou recuar”, prevê-se que, com este empurrão, o Chega entre também na luta autárquica com capacidade para eleger em vários concelhos. 

Depois de perder a influência interna no PSD, que o deixava de fora das próximas eleições, Teixeira, com o Chega, volta a recuperar o protagonismo político que tanto procura.


A escolha dos candidatos importa


O PSD pode ter perdido a hipótese de eleger o terceiro deputado em Valença. Nesse concelho venceu a AD pelos já referidos 33 votos, mas, com a excepção de Paredes de Coura e de Vila Nova de Cerveira, onde perdeu, foi o concelho do distrito onde a AD teve a menor percentagem de votos e onde recuperou, face às eleições de 2022, menos votos. Uma má formação de listas pode resultar em perdas com consequências nacionais. 


Ironia


O PS passou estes últimos anos a “encostar” o PSD ao Chega, numa posição que lhe valeu o resultado em 2022. Ironicamente, com tanto “insuflar” do Chega, muitos dos deputados que este ganha são transferência direta dos deputados que o PS perde.

Há um facto que se deve realçar no resultado deste partido político, a sua capacidade de atração eleitoral perpassa todo o território. Esta é um factor que o faz diferente, mesmo comparativamente com outros partidos como o Bloco, a IL, o PAN ou o Livre, que são partidos com expressão muito limitada aos centros urbanos, nomeadamente de Lisboa e Porto.


Final


É dos últimos partidos comunistas da Europa Ocidental da velha guarda. Ainda presente com alguma força e capacidade de influência, desde o governo da geringonça a CDU (PCP - PEV) vem perdendo a sua capacidade eleitoral, sendo que em distritos do Alentejo os eleitores que votavam nesta coligação passaram a votar no Chega. 

Nestas eleições, o PCP e a sua CDU passou a ter uma representação minimalista. Será que estaremos perto do seu fim? No nosso distrito, por exemplo, no concelho de Ponte de Lima, até o ADN contou com mais votos que a CDU.


Palavra-chave


Esperemos que a palavra-chave a sair destas eleições seja “compromisso”. Com um governo minoritário, haverá capacidade para os lideres e eleitos dos partidos encontrarem pontes e abandonarem a política de “bolhas”? A construção de pontes não é apenas uma obrigação do governo, mas também dos que devem ser uma oposição responsável. 


Novos tempos


Sim, caro leitor, no domingo passado, entrámos numa nova era. Olhem bem para Espanha, França e Itália, que passam ou já passaram por esta mudança. Que caminho seguiremos? 

domingo, março 10, 2024

Alto Minho, artigo de 07-03-2024

Mais um dia de campanha

As campanhas são feitas “como de costume”: passeios pelas feiras, arruadas, bombos e concertinas, jantares. Significará isso mobilização popular? 

Durante os mandatos, os partidos vivem separados dos eleitores, não os ouvem, não promovem a sua participação e até olham de soslaio se algum os tenta chamar à razão. Quando chegam as campanhas eleitorais, já é tarde, os eleitores vivem vidas onde os partidos ou “movimentos” estão completamente ausentes, sem nada que os cative ou atraia para a participação. 

Há, no entanto, a necessidade dos partidos passarem uma “ideia” de “alegria”, de mobilização. Para isso agarram-se ao que conhecem, criando verdadeiras encenações a que o “povo” parece aderir. Reparem nas fotografias das campanhas dos diversos partidos, vejam como os sorrisos que por lá encontram são sempre os mesmos, seja a “feirar”, no jantar ou na falsa “arruada” a seguir os bombos e concertinas. Como o que se vê nas campanhas é uma realidade paralela, o resultado é o constante aumento da abstenção e dos votos nulos. Enquanto não se voltar a falar para as pessoas, sobre os problemas delas, enquanto não as envolverem nos processos de decisão, o resultado será sempre o do alheamento e desprezo. E quando assim é, o desfecho não é difícil de prever, a história dá-nos, infelizmente, muitos exemplos.         


Mais um clube nas competições nacionais


Sabia, caro leitor, que na próxima época poderemos ter mais uma equipa do distrito na I Divisão Nacional de Basquetebol? A tentar juntar-se ao Clube de Basquete de Viana, naquela que é a “Liga III” do basquetebol, o Basket Clube de Coura está neste momento a competir, na 2ª fase do Campeonato Nacional de Seniores de Basquetebol da II Divisão, pelo primeiro lugar e apuramento directo àquela liga. 

Torcemos para que, na próxima época, o Clube de Basquete de Viana consiga a promoção, que este ano parece lhe ter escapado, à Proliga (o equivalente à Liga II, no futebol), o Basket Clube de Coura  consolide a sua posição na I Divisão Nacional de Basquetebol e os CB Limiense e CB Valença consigam a subida à I Divisão Nacional de Basquetebol. 

Em tempo de campanha eleitoral, é bom lembrar aos políticos de que, apesar de tudo, no Alto Minho, também há quem faça milagres no desporto e que precisa de apoios para continuar a lutar para colocar a nossa região em patamares superiores no desporto.


Por falar em basquetebol



 

Ao escrever sobre basquetebol, sou logo remetido para o início dos anos 90. Nessa altura, falar de basquetebol em Ponte de Lima era o mesmo que falar da Escola Desportiva Limiana. Defendi as cores da EDL nessa modalidade. Recordo os meus companheiros, não podendo deixar de realçar o saudoso Márcio Patrício, que com o irmão Pedro Lima formava uma dupla de postes imbatível.

Passamos muitas horas no Pavilhão Municipal de Ponte de Lima a treinar com os nossos treinadores, um deles o professor Jorge Silva, para os jogos, se a memória não me falha, do campeonato distrital do Porto. Mas, para além desses treinos e jogos, do que me lembro com mais saudade é dos jogos de rua, aqueles que fazíamos entre o grupo da Feitosa e o de Arcozelo. A capacidade que tínhamos em construir tabelas com tábuas e transformar velhas latas de tinta em aros dos cestos! A minha casa e a rua junto à casa do Márcio, do Pedro e do Ruka Pereira transformavam-se nos nossos "L.A. Forum", então casa do LA Lakers, ou no United Center, casa dos Chicago Bulls. Foram jogos épicos, com muitos “afundanços” e luta corpo a corpo, num piso que transformava cada drible num desafio ao controlo de bola. O maior gozo era tentar replicar jogadas que víamos no programa de televisão “NBA it`s fantastic” e que, por vezes, para desespero dos treinadores, levávamos para os treinos e jogos oficiais. 

Hoje, em Ponte de Lima, existem vários espaços onde a pratica do basquetebol de rua seria possível, mas que, lamentavelmente, estão ao abandono. Felizmente, os tempos são outros, e não é necessário aproveitar desperdícios da construção para jogar, bastava aos nossos representantes investir meia dúzia de euros para dar nova vida àqueles espaços, permitindo criar memórias para a vida. 

domingo, março 03, 2024

Alto Minho, artigo de 29-02-2024

É difícil perceber

Existem inúmeros estudos publicados na área da pedagogia sobre o comportamento em treino desportivo com crianças. São vários os testemunhos de eminentes treinadores e antigos jogadores que defendem que a formação no futebol, nas camadas dos sub13 para baixo, deve ser um processo e contribuir para a formação harmoniosa das crianças. Uma formação em que as vertentes física, intelectual, emocional e social têm de ter o mesmo peso. Uma formação que deve proporcionar oportunidades de participação. 

Infelizmente, a mentalidade do “vencer, vencer, vencer”, trouxe para os jogos infantis comportamentos onde o fair-play fica de fora. A matreirice/batota, agressões e comportamentos violentos, a falta de respeito pelos adversários e árbitros são uma prática ainda comum em alguns campos de futebol. 

Mas é preciso perceber que as crianças não podem ser vistas como adultos em miniatura, com o dever de replicar os seus maus comportamentos e frustrações. Felizmente, há quem reme contra essa maré, existem clubes onde a formação das crianças começa na formação dos seus treinadores. A Associação de Futebol de Viana do Castelo, e bem, decidiu que as competições até aos sub13 não teriam classificação nem, consequentemente, haveria vencedores de “campeonatos”. As crianças passaram a ter jogos onde podem pôr em prática o que aprendem nos treinos, sem medo de experimentar e sem a pressão dos resultados, mantendo, no entanto, o seu natural instinto competitivo. 

Com o descrito, foi com estupefação que li, neste jornal, um treinador de crianças sub11 afirmar orgulhosamente que “aqui não há jogos por jogar. Nós temos de ter um objectivo e o objectivo é ganhar todos os jogos”, só “jogamos para ganhar, ganhar, ganhar”. Mais que ganhar, “o” objectivo não deveria ser a formação das crianças nas vertentes acima referidas? Li algures que “quando ganhar é tudo, fazemos tudo para ganhar” e, quando assim é, os vencedores passam a vencidos. 


Alteração de forças


Na primeira página do semanário “Alto Minho” da passada semana podíamos ler na manchete a pergunta, relativamente às candidaturas do PSD e PS, “quem vai perder os três (deputados)?”. Na verdade, neste momento, talvez a resposta seja “os dois”. A candidatura do CHEGA parece disputar um dos 5 lugares de deputado pelo nosso distrito, falta saber é se esse ímpeto sobrevive ao escrutínio da campanha eleitoral.


Fim da pré-campanha, inicio da campanha eleitoral


O PS governa há 8 anos, o distrito perdeu população, os jovens preferem outras paragens mais atrativas, aliás, fruto disso, perdemos um dos deputados eleitos pelo nosso distrito. Não há maneira do distrito ter uma rede inter-modal de transportes públicos. O rendimento “per capita” continua a ser, ano após ano, um dos mais baixos do país. Apesar disso, a candidatura do PS afirma que a nossa região tem sido alvo de vários investimentos que a tem tornado atrativa, sublinhando que é preciso apostar no PS para continuar o investimento feito na região. Ora, se o resultado do investimento é o descrito, porque é que devemos continuar a apostar no que não tem dado resultado? Talvez a campanha eleitoral possa permitir ao PS acertar a sua comunicação, deixando de persistir no mundo paralelo, em que vive, e passando a falar do mundo real, onde os alto minhotos vivem. 

Na AD, a candidata do CDS, a limiana Joana Mendes, andou desaparecida nos vários eventos de pré-campanha. Será que se apercebeu que, apesar de estar no quarto lugar, a possibilidade de ser eleita é equivalente ao do último dos suplentes da lista? Agora que começa a campanha eleitoral será interessante acompanhar o envolvimento, empenho e motivação dos candidatos, líderes e estruturas locais dos partidos que constituem a AD. 

domingo, fevereiro 25, 2024

Alto Minho, artigo de 22-02-2024

Debates

Confesso que tenho acompanho pouco os debates para as legislativas, e nada os pós debates. Infelizmente, quer o modelo de debate, quer os conteúdos, e as horas de comentários de pós debate são cada vez mais um espetáculo que nada tem a ver com o esclarecimento político dos eleitores. Não passam de espaços de entretenimento como quaisquer outros da televisão. O tema é a política, mas poderia ser o futebol ou um reality show. 


Na passada semana, com as notícias que fui lendo nos jornais nacionais, provavelmente também elas influenciadas pelos momentos de entretenimento político-televisivo, fiquei com duas dúvidas. Para o CHEGA, o PSD é igual ao PS, mas, se assim é, então qual será a razão para se querer coligar com o PSD? Já para o PS, há o perigo de a AD, para garantir o governo, se aliar ao CHEGA. Estará o PS a deixar a mensagem de que os eleitores de centro e direita devem concentrar o voto na AD para garantir uma maioria absoluta de modo a não ser necessário o partido de André Ventura para uma maioria parlamentar?  Recorrentemente leio que o líder da AD, Luís Montenegro, recusa qualquer acordo com o CHEGA, pelo que torna ainda mais difícil perceber as referidas posições.   


Recordações 




Quando tinha 16 anos, fui tirar a licença para condução de ciclomotores. Os meus pais  permitiram que o fizesse, mas não me compraram nem me deixaram comprar uma mota, porém a do meu avô estava ali parada. Uma mota do inicio dos anos 60, com muito “ferro” e pouco plástico, que dava para umas pequenas deslocações entre a casa dos meus pais e da minha avó. 

Munido da licença, do alto dos meus 16 anos, fiz várias vezes esse percurso, permitindo-me, esporadicamente, a uns desvios para descobrir novos recantos. Uma das melhores sensações foi quando a minha avó Glória, já na casa dos 70´s e muitos, contra todas as previsões, aceitou o desafio de me acompanhar. Foi à pendura, sentada de lado, talvez influenciada pela Audrey Hepburn que, no filme “Férias em Roma”, cruzava a cidade eterna desta forma com o Gregory Peck.

 

Que saudades de ter a minha avó à pendura.


Que bom


Subo a rua num domingo de tarde e ouço o som de crianças a brincar. Uma boa sensação que me transportou ao passado. O velho e abandonado recinto desportivo é novamente palco para épicos jogos. Sem balizas ou cestos de basquete, as crianças improvisam. 


Infelizmente, no largo da Freiria, na vila de Arcozelo, aquele espaço de brincadeira continua sem qualquer intervenção. Espera por ela há pelo menos 3 anos. Não sei se é falta de vontade ou de engenho, mas a verdade é que um espaço que poderia juntar crianças, jovens e os seus pais, bastando requalificar o piso e colocar umas tabelas e balizas, continua abandonado pelos responsáveis políticos.

domingo, fevereiro 18, 2024

Alto Minho, artigo de 15-02-2024

 Fica o desafio

Daqui a dois meses cumpre-se um ano que faleceu Francisco Maia de Abreu de Lima. Presidente da Câmara, vereador e membro da Assembleia Municipal de Ponte de Lima, ficará para sempre lembrado como o autarca que, contra vários “velhos do Restelo”, tomou a decisão de encerrar a ponte “velha”, a ponte romano-gótica, ao transito rodoviário tornando-na apenas pedonal. Uma decisão que lhe valeria a derrota nas eleições seguintes. Foi também com ele que se concretizou a geminação entre Ponte de Lima e as localidades francesas de Chalette-Sur-Loing e Vandoeuvre-Les-Nancy, onde vive uma vasta comunidade de limianos. Profissionalmente, exerceu vários cargos ligados à previdência e acção social, ficou, também, conhecido como o principal impulsionador para que se viesse a erigir uma estátua da Rainha Dona Teresa, que outorgou o primeiro foral à vila de Ponte.   

Francisco Abreu Lima é unanimemente reconhecido como alguém que, de forma honrada e com total disponibilidade, consagrou a vida ao Serviço Público, conseguindo reunir consensos por onde quer que passasse. É por isso que deixo o desafio aos autarcas de hoje, para que, quando passa um ano do seu falecimento, homenageiem a sua vida atribuindo o seu nome, por exemplo, ao Caminho do Antepaço de Cima na vila de Arcozelo, a rua da sua casa. 


Que triste notícia




Faleceu Manuel da Silva Fernandes, um homem que fica para sempre ligado a várias causas. Autarca na freguesia de Arcozelo, foi e fez de tudo nesta freguesia. Membro da Assembleia de freguesia, membro da Junta de freguesia e Presidente da junta, esteve, faz este ano 20 anos, na génese da elevação a vila desta freguesia. Impulsionou também a geminação entre a vila de Arcozelo e a localidade francesa de Les Martres de Veyre. Esteve ligado a várias associações sociais e desportivas.

Mas o Manuel Fernandes foi ainda uma comunicador. Fez rádio durante décadas. Foi a voz da Radio Ondas do Lima em muitas reportagens e programas, e destacou-se com a sua crónica semanal no programa “Manhãs de Sábado”, que era ouvida com respeito por todos os intervenientes políticos do concelho. Da mesma forma, no início deste século, a sua coluna “Ao correr da pena”, neste jornal, era lida com atenção e curiosidade. Quer na rádio quer nos jornais, a sua intervenção foi sempre de grande importância ao alertar para muitos problemas que assolavam a nossa terra. Na segunda década deste século, escreveu o livro "Lauruja ou Labruja" - A mesma terra -“ um livro sobre a história da freguesia da Labruja.

Nos últimos anos, esteve ligado à causa dos antigos combatentes sendo um dos promotores da homenagem aos Limianos mortos na Guerra Colonial e na I Grande Guerra, que viria a dar origem ao Dia do Combatente Limiano. Foi ainda um dos fundadores do Núcleo de Ponte de Lima da Liga dos Combatentes. Escreveu um livro sobre a sua experiência na Guerra do Ultramar ,”Os Caminhos de "Gadamael Porto"" que é, também, uma homenagem aos jovens que, durante os anos 60 e 70, deram parte da sua vida, alguns a totalidade, na guerra do ultramar. 

Manuel Fernandes ficará para sempre como alguém que nunca virou as costas a uma luta pelas suas convicções e causas.


É preciso ler os clássicos


São eles que nos fazem pensar, e esta é uma época que torna ainda mais necessária essa leitura. O Grande padre António Vieira, que nasceu em 6 de fevereiro de 1608, sempre soube, como escreveu nos seus sermões, “como o mundo e sua glória é uma farsa de comédia, que passa; um entremez, que se acaba com o riso; uma sombra, que desaparece; um vapor, que se desfaz;  uma flor, que se murchou; um sonho, que não tem verdade”.