domingo, novembro 17, 2024

Alto Minho, artigo de 14-11-2024

Demissão

A CIM Alto Minho, como todas as outras, de acordo com a Lei-quadro da transferência de competências para as autarquias locais tem competências para, por exemplo: planeamento intermunicipal da rede de transporte escolar; planeamento da oferta educativa de nível supramunicipal; definição da rede de unidades de cuidados de saúde primários e de unidades de cuidados continuados de âmbito intermunicipal; definição da rede dos quartéis de bombeiros voluntários; participação em ações ou projetos de reinserção social de jovens e adultos, violência doméstica, rede dos julgados de paz e apoio às vítimas de crimes; desenvolvimento da promoção turística interna sub-regional; gestão dos portos de âmbito regional; designação dos vogais representantes dos municípios nos conselhos de região hidrográfica; gestão de projetos financiados com fundos europeus; gestão de programas de captação de investimento. 

Como os seus órgãos não são de eleição directa, o cidadão, em geral, não está muito atento ao que por lá se passa. Na verdade, não existe nenhum escrutínio público relativamente ao cumprimento (ou não) das suas competências. Mas eis que Vasco Ferraz, presidente da Câmara de Ponte de Lima, se demitiu, com algum estrondo, do cargo de vice-presidente da CIM Alto Minho. Com isso trouxe para o espaço mediático problemas que, pelos vistos, se vão arrastando em prol de uma paz podre. Da falta de liderança, de estratégia, de visão da região como um todo, Ferraz faz acusações sérias e que não podem cair em “saco roto”. 


As eleições nos EUA 


Nas eleições nos EUA, o tom, o estilo e as tiradas racistas ou sexistas do novo presidente não influenciaram negativamente na hora do voto. Trump fez um dos maiores retornos políticos de sempre. Para além de conquistar a vitória nos “grandes eleitores”, conquistou-a, também, no voto popular. A estas, ainda associou a maioria dos Republicanos no Senado e, aparentemente, na Câmara dos Representantes. 

Existem vários factores que contribuíram para a derrota de Kamala Harris, é, no entanto, inegável que a candidata democrata foi penalizada por ser mulher. Todos os dados dão conta da transição, em meia dúzia de meses, de parte significativa dos votos de homens negros e latinos de Biden, não para Harris, mas para Trump. Não, o machismo não está só em Trump, está na sociedade, mesmo naquela de que os média têm pejo em falar. 


Alarido mediático


Muitos ainda se devem lembrar da “crucificação”, pelos média nacionais, de Fernando Calheiros, à data presidente da Câmara de Ponte de Lima. Quando este decidiu acabar com as barracas junto à ponte de Nossa Senhora da Guia e num lote na avenida Conde da Barca, na Além da Ponte, vila de Arcozelo, onde viviam insalubremente cidadãos de etnia cigana, a “indignação” instalou-se na opinião propagada pelos média nacionais. Limitaram-se, no entanto, à justificação de que queriam destruir o “bairro” por ser habitado por pessoas de etnia cigana, e à narrativa do “são xenófobos”. Esqueceram-se de tentar perceber a razão, o que realmente estava por detrás da decisão, o que esta significava para toda a comunidade, inclusive para os que lá viviam. 30 anos depois os média nacionais continuam na sua bolha, cada vez mais pequenina e limitada, esquecendo-se de que o mundo da comunicação é totalmente diferente do de há 30 anos.

Recentemente, o presidente socialista da Câmara de Loures defendeu a possibilidade de despejar de casas municipais quem comete crimes. Rapidamente, foi criticado e acusado de se aproximar do Chega. Será? No concelho do Porto, pelo menos desde 2015, está prevista, no Regulamento de Gestão do Parque Habitacional do Município do Porto, a resolução do contrato “quando em causa esteja a prática comprovada de atividades ilícitas ou de condutas desviantes que, pela sua gravidade, possam colocar em causa a paz ou a segurança do parque habitacional”. Nessa altura, o então vereador do pelouro da Habitação e Ação Social era o também socialista Manuel Pizarro. Os média nacionais deram eco a vários políticos, mas alguém foi ouvir a opinião das pessoas de Loures, as que, vivendo em bairros sociais, maioritariamente se levantam de madrugada para ir trabalhar para Lisboa e voltam no final do dia, quase sem se darem conta do crescimento dos filhos? O que pensarão elas sobre não terem autocarro para irem trabalhar por este ter sido queimado por “protestos”? Ou, ainda, irem trabalhar com o coração nas mãos com receio do que possam estar a “viver” os seus filhos?

A opção de olhar apenas pela rama, sem querer perceber ou enxergar as realidades, onde a ânsia devoradora dos preconceitos e as agendas se sobrepõem à vida real, são os verdadeiros alimentos das novas correntes populistas.

domingo, novembro 10, 2024

Alto Minho, artigo de 07-11-2024

Entrevista

Depois da entrevista a Vítor Paulo Pereira, líder distrital do PS, que deu a conhecer as pretensões autárquicas do seu partido para o distrito, na passada semana foi a vez de Olegário Gonçalves, líder do PSD Alto Minho, falar a este jornal. Confesso que, por ser recandidato à liderança distrital, tinha expectativas elevadas.

Usou, por várias ocasiões, a palavra “união”, principalmente quando falava para as estruturas do partido. É compreensível que assim seja, até porque imagino a apreensão do líder do PSD Alto Minho, ainda em Setembro último, nas eleições para eleger o líder nacional do partido, perto de 60% dos militantes do distrito não exerceram o seu direito de voto. Mais ainda, na concelhia de Viana do Castelo, concelho sede do distrito, essa percentagem ultrapassou os 85%, e no segundo maior concelho em termos de eleitores, Ponte de Lima, tendo apenas 44 inscritos só 18 votaram. Olegário já percebeu o que terá de mudar no seu próximo mandato distrital. União não é o mesmo que unanimismo. É tempo de passar das palavras aos actos, falar e envolver todos aqueles que, pelo distrito, são mais valias do e para o partido. 

Relativamente às eleições autárquicas, prevê manter as Câmaras atualmente laranja, aposta fortemente na vitória no concelho de Caminha, sendo que em Vila Nova de Cerveira e Melgaço existe a expectativa de alcançar a vitória. Teve o momento “wishful thinking” relativamente a Valença, quando falou do retorno ao PSD dos dissidentes que numa lista independente também elegeram 2 vereadores. Não se assumindo (ainda) como cabeça de lista à Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, afirma que o combate  eleitoral deve ser encarado com humildade e muito trabalho, até porque, para além da presidência da Câmara, existem 20 presidentes de Junta em final de mandato. Tentou, ainda, esvaziar um pouco a pressão na candidatura a Viana do Castelo. As expectativas para Paredes de Coura ficaram-se apenas pela participação e fixacção de eleitorado. Relativamente a Ponte de Lima, queiram, por favor, passar para o texto seguinte.


Gigante adormecido


“…se os tempos mudam e ele não varia de actuação, poderá arruinar-se” - Maquiavel, em “O Príncipe”.


Por Ponte de Lima, apesar de ver com bons olhos uma coligação com o CDS, esta, para Olegário Gonçalves, não acontecerá. A razão prende-se por actualmente existirem “feridas que não seriam fáceis de tratar”, não assume, no entanto, José Nuno Araújo como o candidato fechado.

É preciso manter a serenidade e não fechar nenhuma porta. Em Fevereiro do próximo ano, se tudo correr normalmente, haverá eleições internas no PSD de Ponte de Lima. Nessas eleições poderão estar em cima da mesa várias correntes de opinião sobre o caminho autárquico. Deixo três possíveis. Manter o que existe neste momento com uma candidatura própria; optar por uma candidatura que integre, por exemplo, os movimentos independentes, ou o que resta deles; ou, ainda, uma coligação com o CDS. Qual destas opções tem capacidade para acordar e capitalizar o gigante adormecido que é a máquina e o eleitorado laranja em Ponte de Lima? Eis a pergunta à qual os militantes terão de responder.   

O PSD de Ponte de Lima, em tempos constituído por muitos militantes participativos, com reuniões acesas e esclarecedoras do caminho que o partido queria para o concelho, há pelo menos meia década, desapareceu. Mas muitos sabem que esse músculo eleitoral estará, apenas, adormecido. A mobilização depende muito de quem lidera, de quem dá a cara, da capacidade de envolver os diferentes agentes e, acima de tudo, do projeto que apresentam. Qual é o projecto do PSD para Ponte de Lima? Na actual conjuntura, qual é a melhor forma de o tornar uma realidade? 

domingo, novembro 03, 2024

Alto Minho, artigo de 30-10-2024

Insensibilidade

Os incidentes ocorridos na passada semana em Lisboa despertaram o que de pior pode existir na política. O aproveitamento populista dos partidos dos extremos, da esquerda e direita, ocorreram de imediato. Na extrema esquerda, demoníza-se a polícia, generalizando e extrapolando ocorrências isoladas a todo o corpo policial, na extrema direita, faz-se o mesmo mas em relação aos imigrantes e etnias. 

O mais preocupante é que, vivendo nas suas bolhas cada vez mais herméticas, estas posições dos partidos dos extremos parecem ter sucesso junto dos seus apoiantes, não vivessem eles, também, encerrados nos algoritmos das redes sociais que lhes mostra um mundo cada vez mais fechado nos mesmos temas e personagens. Não, os extremos não servem para resolver os problemas. 


As alterações climáticas não estão à porta


Alguns continuam a negar o evidente, as alterações climáticas são uma realidade não de um futuro, mas com a qual já lidamos. Recentemente, o presidente da Câmara de Esposende, Guilherme Emílio, dava conta de como o concelho que lidera se debate com problemas ambientais, entre os quais a erosão costeira. Para fazer frente a estes desafios afirma que o município não está à espera do governo central, tendo agido e procurado soluções. Também o município de Viana do Castelo está atento a esta temática, já percebeu que a subida do nível do mar e outros fenómenos extremos atingirão o concelho e foi a pensar nisso que apresentou o “Plano Municipal de Ação Climática”. Um plano aprovado por unanimidade, que apresenta 55 medidas para enfrentar as alterações climáticas. Eis algo a replicar pela região.


Finalmente!


Vasco Ferraz, presidente da Câmara de Ponte de Lima, anunciou um investimento de 2,5 milhões de euros no âmbito das Áreas de Risco Potencial Significativo de Inundação. Na realidade, o problema está no açude, como afirmou aquele responsável este investimento “prevê a alteração do açude para desassorear o rio e a limpeza, e erradicação de espécies exóticas invasoras aquáticas, para regular o caudal do rio”.

A novidade desta acção não está no porquê, mas na nova atitude da Câmara Municipal que assume o erro e a teimosia dos executivos anteriores. As opções anteriores, os tipos de açudes escolhidos, foram errados. Era fácil de perceber as consequências dessas más escolhas. Em 2006, escrevi “foi construído o açude junto à ponte de Nossa Senhora da Guia. As águas começaram a ser mais paradas. O lodo, e não só o lodo, começou a acumular-se tomando o lugar da areia.”, já em 2011, alertava para a necessidade de se “fazer uma avaliação do impacto da construção do açude”. Em 2016, foi construído um novo açude, mas, uma vez mais, sem possibilidade de gestão de caudal, a opção resultou em constantes inundações da totalidade do areal. Confrontado com isto, na Assembleia Municipal e no espaço publico, o então presidente da Câmara negou ser consequência da nova construção, afirmando que não passava de uma polémica virtual, promovida pelos de sempre, demagogos. 

Finalmente, olha-se para o problema e, sem desculpas ou camuflagens, procura-se resolver o que está mal.


Opções de gestão


O presidente da Câmara de Viana do Castelo afirmou recentemente que a transferência do Fundo de Equilíbrio Financeiro para o concelho que lidera é “insustentável”. Segundo esse responsável, desde 2019 até hoje, Viana do Castelo tem perdido um milhão de euros por ano. Para Nobre, poderá estar em causa a garantia do funcionamento do município, pois “só em salários são precisos 30 milhões”. Desde 2019 que isto está a acontecer e só agora, que o seu partido saiu do governo, é que contesta? Se a redução das verbas põem em causa o funcionamento do município, vai insistir na ideia de passar os transportes urbanos para a alçada da Câmara Municipal? Não estará, assim, a agravar ainda mais a situação por aumentar o peso dos encargos com pessoal?

domingo, outubro 27, 2024

Alto Minho, artigo de 24-10-2024

Pormenores de maior

Uma das maiores romarias do país é a da Senhora da Agonia, na cidade de Viana do Castelo. O epicentro da festa é o santuário, construído pelas gentes do mar, que se eleva no campo com a mesma designação. É por isso de saudar o zelo dos responsáveis da Confraria de Nossa Senhora da Agonia em manter o espaço cuidado, procedendo a periódicas obras de manutenção e recuperação. Todos os dias por lá passam centenas de peregrinos de todo o mundo, que indo em direção a Santiago de Compostela, visitam a igreja e, por vezes, até aproveitam as sombras das árvores para um pequeno descanso. Infelizmente, todo este cuidado e aprumo nem sempre é respeitado. Recentemente todas as portas da igreja e casas adjacentes, que fazem parte do complexo da agonia, foram vandalizadas, não bastando, o lixo das papeleiras acumular-se durante dias e dias. Talvez seja tempo do Município de Viana do Castelo, em conjunto com a Confraria, proceder à implementação de um conjunto de medidas preventivas de salvaguarda deste património. 

Já a Câmara de Ponte de Lima olhou de forma diferente para o seu ex-líbris. Finalmente, a ponte medieval, que dá o nome ao concelho, viu renovada a sua iluminação. Várias vezes escrevi sobre a necessidade de rever a iluminação na ponte. Opções por elementos intrusivos, lâmpadas fundidas durante meses, as falhas foram tantas e tão prolongas que quase roçava o desleixo. A nova iluminação, aparentemente, inicia uma nova abordagem, é discreta e realça a arquitectura da ponte.


Serviço de transportes


Em outubro de 2022, escrevi o seguinte neste espaço “foi anunciado, mas quase de forma clandestina, um serviço intermunicipal de transportes. Comparem com os nossos vizinhos de Braga, que já há muito implementaram um serviço intermunicipal e inter-modal, e vejam o tempo necessário para criar um serviço na nossa região, que, aliás, nem foi apresentado formalmente, mas numas declarações de um presidente da Câmara”. Dois anos e dois concursos depois, foi agora anunciado pelo presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Minho que foi iniciada a preparação do terceiro concurso, tendo os anteriores sido cancelados, para ser aberto no início de 2025. 

Se conseguirem desatar este nó górdio, talvez possam alocar recursos para trabalhar num futuro serviço inter-modal, onde as ligações diárias com outras regiões, como a zona metropolitana do Porto, sejam uma realidade financeiramente viável para as populações que são “obrigadas” a realizar deslocações pendulares.


Coligações


No próximo dia 9 de Novembro, os sociais-democratas do distrito escolhem os novos órgãos distritais do partido. Estes terão a seu cargo um novo ciclo de eleições, a começar pelas autárquicas. 

Neste ciclo autárquico, o foco do PSD no distrito, para além de manter as câmaras municipais laranja, deverá ser o da conquista dos municípios de Caminha, Melgaço e, claramente, da sede do distrito, o município de Viana do Castelo. 

Se em Caminha a coligação existente será para continuar, a constituição de coligações com o CDS em municípios, como os de Arcos de Valdevez, Ponte de Lima e Viana do Castelo, parece o caminho natural. No concelho de Arcos de Valdevez, com o objetivo de não dispersar votos quando o PS aposta quase todas as fichas neste concelho, em Ponte de Lima, pelos motivos que já tive oportunidade de partilhar noutro artigo e, em Viana do Castelo, por ser necessária uma frente o mais abrangente possível, que poderá incluir a IL, por exemplo, capaz de ser a resposta para o descontentamento que se vem alastrando pela governação socialista. 

domingo, outubro 20, 2024

Alto Minho, artigo de 17-10-2024

“Quem vota contra, quem se abstêm...”

Há quem diga que é preciso assistir a uma reunião de uma Assembleia de Freguesia para se encontrar um órgão político onde se pratica a verdadeira, mais próxima e transparente democracia representativa. Não concordo e penso ser mesmo uma falácia.

Sim, existem muitos bons exemplos, mas não são exclusivos dessas assembleias, também algumas Assembleias Municipais, por exemplo, o são. Estando mais próximas da população, quantas das Assembleias de Freguesia disponibilizam, por exemplo, a transmissão das suas sessões ou a gravação das mesmas, exemplos básicos da transparência política? Quantas assembleias de freguesia tem mais que dois ou três fregueses nas suas sessões? Não é uma questão de proximidade, mas de vontade dos eleitos em disponibilizar todos os meios para envolver os eleitores. Infelizmente, a realidade nem sempre é essa.


Não é um epíteto 


O primeiro ministro, Luís Montenegro, afirmou numa entrevista que se assume como político, não como tecnocrata, mas como político de corpo inteiro. Que gosta de decidir, ouvindo os técnicos e estudando, mas comprometido com as pessoas. 

Na nossa vida, todos somos políticos, as decisões que tomamos em relação aos assuntos  mais “corriqueiros” da nossa vida são expressões com reflexo político. Alguns dos eleitos para órgãos de gestão/representação política, alguns com atividade de anos na política, digamos, activa, têm vergonha de assumir aquilo que são. Políticos! Infelizmente, chegamos a um tempo em que apresentar-se como político parece ser o mesmo que a apresentação de cadastro. 

São cada vez mais aqueles que se amarram a chavões do tipo “são todos iguais”, no entanto, não mexem um palha, não dão um segundo da sua vida para que algo se altere. A política é uma acção nobre, ser político é ser consciente e participativo na comunidade. Existem maus exemplos? Sim, existem! Mas isso não deixa de ser o reflexo da sociedade. Quanto mais “diabolizarmos” a atividade na política activa, mais espaço fica para os que não honram esse papel.


Polémicas leva-as o vento


Por causa da construção de uma central de betuminoso, entre 2016 e 2017, a população da freguesia e vila de Arcozelo promoveu protestos, realizou concentrações e manifestações com centenas de pessoas, encetou queixas no Ministério Público, conseguiu, até, que o projeto fosse embargado. 

Entretanto, apesar da mobilização popular, dos embargos e polémicas o projeto tornou-se uma realidade e os eleitos que o “apadrinharam” nem penalizados foram nas eleições seguintes, bem pelo contrário. Já gritava Pinheiro de Azevedo, em 9 de Novembro de 1975, no Terreiro do Paço, em Lisboa, “Não há perigo. O povo é sereno, ouçam. É apenas fumaça.”.


Vila de Arcozelo


Já que referi a vila de Arcozelo, sabiam que se completam este ano, no dia 9 de Dezembro, 20 anos desde a aprovação do decreto nº 222/IX de 2004, que elevou a freguesia de Arcozelo à categoria de vila? Não sabiam? Aparentemente, os responsáveis autárquicos da vila de Arcozelo também não devem saber ou preferem ignorar. Este deveria ter sido um ano de manifestações culturais/sociais/desportivas para comemorar essa efeméride. Deveria ter sido criada uma comissão para promover as festividades, que deveriam contemplar uma homenagem aos principais promotores. 

Bem sei que o estatuto de vila, per se, não acarreta qualquer vantagem, mas, quando não sabemos, não queremos ou não temos habilidade para aproveitar as oportunidades para promover o que somos, o resultado é precisamente o que temos. Nada. 

domingo, outubro 13, 2024

Alto Minho, artigo de 10-10-2024

Bibliotecas

Quando abordamos este assuntos, muitos perdem logo a vontade de ler. Mas a verdade é que houve um esforço enorme do Estado e das autarquias para disponibilizar um espaço, aberto a todos, onde se aceda à informação de forma “gratuita” e generalizada. Informação que pode estar sob o suporte papel, audiovisual, digital, etc.

Apesar do investimento público, infelizmente, muitos desconhecem este serviço. Caro leitor, quantas vezes já foi à biblioteca municipal do seu concelho? Quantos amigos seus, adultos, a frequentam? Quantos adultos se revêem ou encontram na biblioteca municipal do seu concelho resposta às suas necessidades de informação? Provavelmente, na maior parte dos concelhos, muito poucos.

Há um esforço dos serviços para promover encontros de leitores, de autores, a realização de feiras, exposições… Mas, então, porque é que há um fosso entre os cidadãos e a sua biblioteca? 

Muitas bibliotecas “prenderam-se” ao serviço que prestam às bibliotecas escolares. Esse passou a ser o core business que o poder político promove, talvez pelos resultados imediatos que daí possa obter. Não descurando esse serviço, não deve, nem pode, ser o único, nem mesmo o maioritário. O foco deve estar na comunidade como um todo, não apenas numa parte.

Talvez esteja na altura do poder político promover os meios para que seja possível formular um novo plano que reforce o papel cultural, informativo e social das bibliotecas municipais, que não passe apenas pelas escolas, mas que se dirija a outros públicos sem interesse pelos livros, mas com necessidades de informação variadas. A criação e dinamização, por exemplo, de serviços de apoio ao cidadão e à cultura local, serviços de informação à comunidade ou de divulgação do fundo local, serviços de qualidade apoiados na Internet e capazes de tirar partido de novas ferramentas como a Inteligência Artificial. Porque não aproveitarem as CIM´s e a suas capacidades de agregação? Seria uma forma de ganhar escala. Podem crer que, se o fizerem, os resultados, mesmos os políticos, aparecerão.


Querem um bom exemplo?


Para quem acha que as bibliotecas e os arquivos municipais são um género de depósitos acumuladores de “papéis”, eis um bom exemplo, vindo do Município de Arcos de Valdevez, de como estes serviços podem desenvolver e envolver-se em projetos inovadores. 

Este sábado é apresentado o Portal da Memória Arcuense, desenvolvido pelo arquivo e pela biblioteca municipais, o portal vai disponibilizar, para além das tradições e costumes da sociedade arcuense, uma hemeroteca digital e uma livraria municipal.

Sim, é possível fazer diferente, desde que exista espírito livre e aberto e, claro, vontade política. 


A amargura é a mesma


Torna-se difícil perceber a morte de um jovem, na flor da vida, quando se dedica aos próximos, quando participa, quando se prepara afincadamente para uma vida que entretanto não chega a ser. A dor e o vazio da perda que ficam nos mais próximos são como se o chão desaparecesse debaixo dos nosso pés.

Mas também é pesado assistir ao desaparecimento, em vida, daqueles que conhecemos de sempre e que foram pessoas activas na nossa comunidade. A perda e degradação da agilidade física associada à cognitiva faz-nos perceber que também os “Gigantes” são tombados pela fragilidade humana.

Estas situações, que nos causam amargura, deveriam fazer-nos recentrar as nossas prioridades, pensar na nossa atitude para com os outros. Pensar em como tudo é efémero, mesmo quando temos um longa vida.    

domingo, outubro 06, 2024

Alto Minho, artigo de 03-10-2024

Mau olhado

Não sei onde ouvi a história, mas consta que, na já remota época de 2023 – 2024, quando a equipa da AD “Os Limianos”, que jogava em “casa” contra uma equipa do profundo Trás-os-Montes, contava o relógio os últimos minutos de compensação para além dos 90 minutos, marcou um golo. O desalento abateu-se nas bancadas que albergavam as centenas de pessoas vindas do nordeste de Portugal, a vitoria d`Os Limianos ditava a despromoção dos transmontanos às divisões inferiores. O silêncio que se sentia à sua saída foi quebrado por uma idosa mulher que, olhando fixamente para o verde do campo, que contrastava com o negro da sua veste, disse firmemente “campo excomungado, onde os da casa tarde ou nunca serão felizes”. 

Confesso que não sei bem se foi assim que ouvi a história, ou sequer se esta é verdadeira, mas que a equipa da AD “Os Limianos” têm tido uma dificuldade crónica em dominar e vencer um jogo em “casa”, lá isso têm. Será falta de empenho e trabalho por parte dos jogadores e equipa técnica? A direcção não proporciona condições para obter resultados? Não e não! Há trabalho, há gestão profissional num clube que efectivamente não o é. Então como se justifica? Não sei. Talvez seja sinal para que o novo estádio avance o mais rapidamente possível, deixe de ser uma promessa, um desenho num papel, e passe a ser uma realidade. 


Primavera


Eis que chega a Primavera à política local. O ano das autárquicas está aí e, tal como na Primavera começamos a ver alguns bichinhos a aparecer, também alguns políticos locais, com o aproximar das eleições, começam a frequentar alguns espaços e atividades esquecidas durante os últimos 3 ou 4 anos. Como na natureza, é o “ciclo da vida”.


Ambição


O presidente da Câmara de Paredes de Coura, Vitor Paulo Pereira, tem-nos habituado a entrevistas muito boas, dadas a este jornal. Por vezes, os bons entrevistadores fazem meia entrevista, mas este protagonista tem uma postura esclarecedora e empática nas respostas que dá. Agora que se recandidata ao cargo de presidente da estrutura distrital do Partido Socialista deu uma grande entrevista onde as autárquicas do próximo ano foram o tema central. 

O PS espera manter as Câmaras Municipais que lidera no distrito, prevendo, no entanto, uma dificuldade acrescida no concelho de Caminha. Afasta qualquer possibilidade de luta em Monção, onde o PS parece ter desaparecido, e apresenta Ponte de Lima como um território difícil e complexo. Analisando as suas declarações, Vitor Pereira pretende relançar o PS limiano, dá a entender que o candidato poderá ser um de dois, um independente, aproveitando alguém vindo do movimento Ponte de Lima Minha Terra, ou um jovem. Aparentemente, o que realmente pretende, depois de 8 anos de ausência, é voltar a ter a “marca” PS presente em Ponte de Lima. 

Mas o que sobressai da entrevista é a esperança que demonstra, e que afirma fundamentada, em conquistar o município de Arcos de Valdevez para o PS. Considera os socialistas arcoenses prontos para o embate, com trabalho feito, com resultados bastantes interessantes nas diferentes eleições. Se a estes factores se associar a mudança de ciclo, Vitor Pereira pensa que “o PS pode fazer história”. Será que o bastião social-democrata do distrito está em perigo? Ficamos na expectativa de uma entrevista a Olegario Gonçalves, que para além de presidente da distrital do PSD, aparentemente será o candidato social-democrata à sucessão de João Esteves na liderança do município de Arcos de Valdevez.  

domingo, setembro 29, 2024

Alto Minho, artigo de 26-09-2024

 Ânsia  


Por vezes, quem está na oposição sente uma certa ânsia de se demarcar de quem está no poder. Pensará que assim conseguirá captar mais eleitores para a sua causa. Há, no entanto, um erro clássico, principalmente para quem recentemente mudou de papéis, é que essa ânsia de demarcação poderá ter um efeito boomerang. 

Leram o artigo do deputado José Maria Costa, na passada semana? O deputado criticou o governo da AD pelo início do ano lectivo, apontou algumas falhas como a da colocação de professores, realçando a falta de apresentação e aplicação de respostas estruturais. Todos sabem que um ano lectivo não se prepara em 3 ou 4 meses, não é difícil perceber que a abertura deste ano é, em grande parte, fruto da “preparação” feita pelo governo pelo qual José Maria Costa exerceu o cargo de Secretário de Estado. Ora aí está o “efeito boomerang”. É perceção geral que, ainda assim, as “não estruturantes” medidas introduzidas pelo novo governo fizeram com que as grandes contestações, a que todos assistimos nas últimas aberturas dos anos lectivos, não ocorressem este ano. Na educação parecem ter voltado a serenidade e a vontade de agir. 

Já anteriormente escrevi que é salutar, importante e mesmo fundamental, os deputados, de cada grupo parlamentar, que representam a nossa região na Casa da Democracia, partilharem a sua opinião. É que assim também percebemos quem se preocupa com os nossos problemas e tenta encontrar soluções, e quem se perde em gincanas políticas.      


Museu da imprensa


O leitor pode não ter essa perceção, mas os concelhos do Alto Minho têm uma grande tradição na publicação de títulos de imprensa, muitos deles estavam ligados a movimentos políticos, artísticos, locais. São inúmeros os títulos que foram sendo publicados no Alto Minho. 

No final do século XIX e no início do XX, a imprensa, apesar das elevadas taxas de analfabetismo, era o melhor meio de informar, de difundir ideias e, também, de anunciar casas comerciais, produtos e serviços. Muitos desses periódicos tiveram uma vida efémera, mas, independentemente da durabilidade, é por lá que encontramos o quotidiano, a “vida” das comunidades. Do mais “corriqueiro” casou ou nasceu, às polémicas e acontecimentos da atualidade de então.    

Ponte de Lima sempre teve uma grande tradição neste campo. Talvez seja por essa tradição que hoje alberga este jornal que agora lê e que é, inegavelmente, o maior e mais abrangente semanário da região. Pedro Ligeiro, no início deste mandato, propôs na Assembleia Municipal a criação de um Museu da Imprensa Limiana. A Câmara Municipal limiana deveria ponderar esta proposta. Não faltará espólio documental, nem tão pouco material (rotativas, prensas, máquinas de escrever…) no concelho a necessitar de salvaguarda. Seria mesmo uma forma de diversificar a oferta museológica concelhia e, simultaneamente, enaltecer um dos pilares de qualquer democracia plural. 


Férias desportivas




O Clube Náutico de ponte de Lima, para além de ser uma escola de campeões, é uma escola de camaradagem. Durante o período de Verão, organizou, de forma irrepreensível, umas férias desportivas que promovem isso mesmo. Este ano pude acompanhar bem de perto a dedicação dos monitores, a sua paciência e incentivo para com os jovens, muitos deles dando, verdadeiramente, as suas primeiras pagaiadas. Com perceção de que os “atletas” estão de férias e de que durante esse tempo também os pais também terão períodos de férias, sem rigidez na frequência, mas não deixando ninguém para trás. As férias terminaram com três competições, ao contrário do que encontro, por exemplo, no futebol, apenas encontrei incentivo entre pares, festejo pelas vitórias, que na maior parte das vezes é superar o próprio receio, e apoio se não corria como se expectava. 


segunda-feira, setembro 23, 2024

Alto Minho, artigo de 19-09-2024

Comboios 

No final do século XIX começou a pensar-se numa linha de comboio electrificada, entre Viana do Castelo e Arcos de Valdevez, que seria conhecida por Linha do Vale do Lima. No início do século XX, iniciou-se a construção, mas, apesar da linha construída entre Viana do Castelo e Ponte de Lima, em meados do século XX, é consumado um dos maiores erros políticos da região, o projecto foi cancelado. Os materiais foram vendidos para Espanha e a linha abandonada, sendo ainda, na actualidade, perceptíveis alguns dos seus lanços. A região perdeu assim uma das maiores possibilidades de desenvolvimento, com um impacto positivo que duraria várias décadas.

Na passada semana, através de uma pergunta feita pelo vereador da oposição, Eduardo Teixeira, ao presidente da Câmara de Viana do Castelo, ficou a saber-se que um jornal galego noticiara a vontade dos responsáveis políticos da nossa região em construírem uma nova linha ferroviária convencional, paralela à atual A27, entre Viana do Castelo e Arcos de Valdevez que entroncasse na linha de alta velocidade em Ponte de Lima. A ser verdade, seria a correcção de um erro histórico. Mas eis que Luís Nobre se demonstrou surpreso e foi mais longe ao afirmar que infra-estruturas como essas podem ser factor de esvaziamento do território, dando a entender que, apesar de terem proposto a chegada do metro, pressuponho que o da zona metropolitana do Porto, até Viana do Castelo, suspeitava da eficácia da infraestrutura. Nobre, mais uma vez, parece não percebe que o futuro da mobilidade é é o transporte coletivo, de preferência feito pela ferrovia. Se o metro chegasse a Viana do Castelo, o problema de mobilidade que se colocou ao longo deste ano, entre Viana do Castelo e o Porto, muito provavelmente não existiria. 

Infelizmente, o também socialista, líder da CIM Alto Minho, Manoel Batista, veio esclarecer que “no documento que enviámos para o PFN falamos do reforço da ferrovia na linha do Minho, com ligação ao porto de mar de Viana do Castelo, a linha de alta velocidade com uma estação intermédia em Ponte de Lima e a possibilidade de uma ligação de alta velocidade a Viana do Castelo, ou no limite em Valença”

Aparentemente, ainda não houve o rasgo de reverter uma das decisões políticas que mais limitou o desenvolvimento da nossa região. Parte do território do Alto Minho irá continuar isolada e presa a soluções do passado. 


Outra vez


Sei que já escrevi sobre este tema várias vezes, no entanto, o tempo vai passando e a necessidade vai aumentando. Escrevo sobre a urgência da construção de uma nova travessia rodoviária no rio Lima, a norte da vila de Ponte de Lima. As filas de trânsito em Agosto foram de quilómetros, durando quase todo o dia. Bem sei que esse é um mês em que a população aumenta substancialmente, mas, embora já não se prolongando pelo dia, as filas estendem-se por alguns quilómetros no início do dia, na hora do almoço e no final do dia. São enormes os constrangimentos e, não, a ponte da auto-estrada não é alternativa, como se comprova diariamente. O transito, a poluição, a perda de tempo, começam a ter comparações com grandes cidades e isso, num concelho como o de Ponte de Lima, não faz qualquer sentido. 

Talvez não fosse má ideia convidar o ministro das Infra-estruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, a visitar Ponte de Lima. No itinerário poderia ser incluído a visita aos jardins de Arcozelo, seguida da passagem para a vila limiana, por volta das 13h, onde uma refeição seguida de uma reunião o levasse a passar novamente a ponte de Nossa Senhora da Guia, por volta das 17 ou 18 horas. Pode ser que assim nos ajude, através do PRR, na construção de uma nova ponte entre, sei lá, Faldejães, em Arcozelo, e Castro, na Ribeira. 

domingo, setembro 15, 2024

Alto Minho, artigo de 12-09-2024

 Pormenores de uma grande romaria

Tinha uma tia avó que avaliava os restaurantes e pastelarias pelo asseio das suas casas de banho. Se não tinham cuidado na limpeza e asseio, era porque o serviço ficava muito a desejar e só muito relutantemente é que lá voltaria. Durante o último fim de semana lembrei-me dela. Alguém consegue imaginar um evento à escala das Feiras Novas com casas de banho móveis sempre asseadas e limpas? Pois bem, foi o que se encontrou, por exemplo, no mercado municipal, nas casas de banho móveis. Bem sei que parece uma futilidade mas, caro leitor, não é. Ainda me lembro de há umas décadas, enquanto dirigente de uma juventude partidária, propor a colocação de casas de banho móveis. A ideia foi ridicularizada pelo detentores do poder, alegando que confundíamos as Feiras Novas com uma festa académica. Tinham razão, as Feiras Novas não são nem nunca foram uma festa académica, no entanto a sua grandiosidade ultrapassa-as. Passados alguns anos, para o bem da salubridade do centro histórico, um pouco a medo, as casas de banho móveis foram colocadas em alguns pontos chave.

A actual situação passa a imagem de organização e respeito pelos que nos visitam e, aqui, a  Associação Concelhia das Feiras Novas fez um trabalho meritório.


Não é necessário




Na semana da abertura das Feiras Novas, fomos inundados por infundadas afirmações  destacando “a romaria mais antiga de Portugal”. O Municipio de Ponte de Lima deveria afastar-se dessas afirmações, deveria até tornar pública uma comunicação onde desse conta de que as nossas festas maiores não necessitam de frases falsas para se imporem como uma das maiores e mais tradicionais romarias do país. 


Não sei se repararam


Na passada sexta feira, o Partido Social Democrata teve eleições internas. Se não sabem é porque, certamente, estiveram a viver intensamente as Feiras Novas. Não foi por falta de transparência, o PSD criou uma página web (http://resultados.psd.pt) onde se pode consultar a participação dos militantes e os resultados. 

Para além da magnitude da vitória natural de um recandidato único à presidência do partido, que exerce, actualmente, o cargo de Primeiro Ministro, vale a pena consultar a página para perceber algumas dinâmicas internas. Na análise, que certamente os responsáveis nacionais irão fazer, é perceptível como o PSD no distrito de Viana do Castelo se encontra, de certa forma, desfasado da real dinâmica eleitoral do distrito. Não é normal que na maior concelhia, a de Viana do Castelo, estejam 521 militantes em condição de votar e apenas 70 o tenham feito, nem é normal o exacerbado peso da concelhia de Arcos de Valdevez que, internamente, vale várias vezes o conjunto dos votos que todas as outras 9 concelhias juntas obtiveram. 

O PSD de Arcos de Valdevez, fruto do seu trabalho, é certo, conquistou por direito próprio as rédeas da estrutura distrital. Cometeu, no entanto, o erro de afastar quase todos os que, de outras concelhias, pela sua influência, poderiam criar alguma entropia à sua tomada do poder interno. O problema é que o afastamento local dessas pessoas levou a que outros também se afastassem, e o resultado está à vista. São cada vez menos os militantes que, mesmo quando o partido está no poder, se dão ao trabalho de exercer o mais básico dos seus direitos, o de votar internamente. 

As eleições autárquicas estão à porta e a mobilização, pelo que se vê, parece muito fraca. Talvez seja tempo de voltar a incluir e não excluir aqueles que não se conformam em ser “yes man”.