Demissão
A CIM Alto Minho, como todas as outras, de acordo com a Lei-quadro da transferência de competências para as autarquias locais tem competências para, por exemplo: planeamento intermunicipal da rede de transporte escolar; planeamento da oferta educativa de nível supramunicipal; definição da rede de unidades de cuidados de saúde primários e de unidades de cuidados continuados de âmbito intermunicipal; definição da rede dos quartéis de bombeiros voluntários; participação em ações ou projetos de reinserção social de jovens e adultos, violência doméstica, rede dos julgados de paz e apoio às vítimas de crimes; desenvolvimento da promoção turística interna sub-regional; gestão dos portos de âmbito regional; designação dos vogais representantes dos municípios nos conselhos de região hidrográfica; gestão de projetos financiados com fundos europeus; gestão de programas de captação de investimento.
Como os seus órgãos não são de eleição directa, o cidadão, em geral, não está muito atento ao que por lá se passa. Na verdade, não existe nenhum escrutínio público relativamente ao cumprimento (ou não) das suas competências. Mas eis que Vasco Ferraz, presidente da Câmara de Ponte de Lima, se demitiu, com algum estrondo, do cargo de vice-presidente da CIM Alto Minho. Com isso trouxe para o espaço mediático problemas que, pelos vistos, se vão arrastando em prol de uma paz podre. Da falta de liderança, de estratégia, de visão da região como um todo, Ferraz faz acusações sérias e que não podem cair em “saco roto”.
As eleições nos EUA
Nas eleições nos EUA, o tom, o estilo e as tiradas racistas ou sexistas do novo presidente não influenciaram negativamente na hora do voto. Trump fez um dos maiores retornos políticos de sempre. Para além de conquistar a vitória nos “grandes eleitores”, conquistou-a, também, no voto popular. A estas, ainda associou a maioria dos Republicanos no Senado e, aparentemente, na Câmara dos Representantes.
Existem vários factores que contribuíram para a derrota de Kamala Harris, é, no entanto, inegável que a candidata democrata foi penalizada por ser mulher. Todos os dados dão conta da transição, em meia dúzia de meses, de parte significativa dos votos de homens negros e latinos de Biden, não para Harris, mas para Trump. Não, o machismo não está só em Trump, está na sociedade, mesmo naquela de que os média têm pejo em falar.
Alarido mediático
Muitos ainda se devem lembrar da “crucificação”, pelos média nacionais, de Fernando Calheiros, à data presidente da Câmara de Ponte de Lima. Quando este decidiu acabar com as barracas junto à ponte de Nossa Senhora da Guia e num lote na avenida Conde da Barca, na Além da Ponte, vila de Arcozelo, onde viviam insalubremente cidadãos de etnia cigana, a “indignação” instalou-se na opinião propagada pelos média nacionais. Limitaram-se, no entanto, à justificação de que queriam destruir o “bairro” por ser habitado por pessoas de etnia cigana, e à narrativa do “são xenófobos”. Esqueceram-se de tentar perceber a razão, o que realmente estava por detrás da decisão, o que esta significava para toda a comunidade, inclusive para os que lá viviam. 30 anos depois os média nacionais continuam na sua bolha, cada vez mais pequenina e limitada, esquecendo-se de que o mundo da comunicação é totalmente diferente do de há 30 anos.
Recentemente, o presidente socialista da Câmara de Loures defendeu a possibilidade de despejar de casas municipais quem comete crimes. Rapidamente, foi criticado e acusado de se aproximar do Chega. Será? No concelho do Porto, pelo menos desde 2015, está prevista, no Regulamento de Gestão do Parque Habitacional do Município do Porto, a resolução do contrato “quando em causa esteja a prática comprovada de atividades ilícitas ou de condutas desviantes que, pela sua gravidade, possam colocar em causa a paz ou a segurança do parque habitacional”. Nessa altura, o então vereador do pelouro da Habitação e Ação Social era o também socialista Manuel Pizarro. Os média nacionais deram eco a vários políticos, mas alguém foi ouvir a opinião das pessoas de Loures, as que, vivendo em bairros sociais, maioritariamente se levantam de madrugada para ir trabalhar para Lisboa e voltam no final do dia, quase sem se darem conta do crescimento dos filhos? O que pensarão elas sobre não terem autocarro para irem trabalhar por este ter sido queimado por “protestos”? Ou, ainda, irem trabalhar com o coração nas mãos com receio do que possam estar a “viver” os seus filhos?
A opção de olhar apenas pela rama, sem querer perceber ou enxergar as realidades, onde a ânsia devoradora dos preconceitos e as agendas se sobrepõem à vida real, são os verdadeiros alimentos das novas correntes populistas.